Cenas do início da vacinação: Rio, S. Paulo e Salvador
O início da vacinação no Brasil, nesta semana – ainda que com enorme atraso, em relação ao resto do mundo -, foi motivo de grande empolgação para toda a população brasileira, porque são muitas as esperanças de um novo tempo! Uma carga de otimismo passou a marcar presença no dia a dia das pessoas e assim gerando um mundo de expectativas: da volta ao trabalho em ritmo normal; da recuperação das relações interpessoais; de rever o sorriso aberto e espontâneo; de recuperar o calor do abraço carinhoso de parentes e amigos; da alegria estudantil pela volta às aulas; de participar novamente das reuniões presenciais que aquecem o espírito; enfim, do retorno a uma vida real e não virtual!
Apesar da lentidão e desinteresse oficial com que o processo foi conduzido durante as providências preliminares para a produção da vacina no âmbito dos nossos Laboratórios nacionais, Instituto Butantan e Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) – consagrados mundialmente pela eficiência e competência -, surpreendeu a boa logística na distribuição das primeiras vacinas disponibilizadas! Aviões de todo tipo decolaram para cidades do interior, e carros, sob escolta, transportaram para as pequenas cidades, onde a prioridade foi atender aos que atuaram na área médica em todos os momentos graves da Pandemia, e aos idosos acima de 75 anos. Essa fase teve um desempenho que merece todo o nosso aplauso, especialmente pela rara integração que ocorreu entre o Ministério da Saúde e os Órgãos Estaduais e Municipais. Ou seja, houve o contraditório a uma insensatez e aos rompantes de um senhor despreparado para o cargo que ocupa, inclusive, levando a crer que torcia para que nada desse certo.
Por exemplo, o país testemunhou algumas atitudes oficiais de exacerbada fidelidade política na relação com o ex-presidente Donald Trump, como se essa parceria nos nivelasse em poder e grandeza aos EUA. Um absurdo erro estratégico e diplomático!
Assim, a China foi objeto de deboche pelo ex-Ministro Weintraub, da Educação; tratada com deselegância pelo filho do Presidente, Deputado Eduardo Bolsonaro; e o atual Ministro do Exterior não usa de qualquer diplomacia com o governo chinês. Resultado: o Instituto Butantan para produzir a vacina de que tanto precisamos, depende da boa vontade da China em fornecer os imunizantes…
Ao lado desses imbróglios, está sempre presente um inútil bate-boca entre o Presidente da República e o Governador de S. Paulo, numa relação conflituosa e primária, com trocas de desrespeitosos palavrões, tudo pela antecipação da campanha eleitoral de 2022! Como o Bolsonaro não se empenhou hora nenhuma na sua produção, por não acreditar na vacina, obviamente que o Dória, vaidosamente, assumiu ser o pai da criança e sobre ela busca evidentes lucros políticos. Em outras palavras, o cenário é de DISPUTAS E VAIDADES VERGONHOSAS.
E para fechar ao festivo modo brasileiro, o que aconteceu com a chegada do primeiro lote da vacina do Butantan, nos Estados e Municípios foi um verdadeiro circo para a aplicação da primeira vacina, com a presença de Governadores, Prefeitos e Secretários de Saúde, além de muitas fotos.
Mas, o cúmulo do exibicionismo foi atingido pelos governos do Rio de Janeiro, ao deslocarem toda uma parafernália para o alto do Cristo Redentor a fim de vacinar duas enfermeiras! Por que o ato não se consumou no próprio Hospital onde elas trabalham, e logo em seguida agraciarem os demais profissionais com os benefícios da proteção? Tanta irresponsabilidade e farra com o dinheiro público só mesmo aqui no terceiro mundinho! E que país é esse? Nossa Pátria Amada BRASIL!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 24/01/2021
14 Comentários
Como sempre, sua crônica muito precisa e pontual. O povo só precisa acordar para essas coisas. (Salvador-BA).
Um espetáculo triste e vergonhoso. Até o prefeito da minha cidade fez um carnaval com direito a deputado estadual e tudo pra lançar a vacina. Transformaram a saúde da população em palanque… (Assis Chateaubriand-PR).
Agenor,
Nossa “PÁTRIA AMADA BRASIL”, expressão piegas paca, como diria um falecido e saudoso compadre meu. No mais, análise perfeita do complicado (ou não planejado) plano de vacinação no país, onde até seringas e agulhas faltaram. E olha que lhe teria escapado a menção a alguns “espertinhos” que, driblando as prioridades, inclusive o cínico prefeito do município de Candiba (BA) que declarou haver se vacinado para convencer a população a aceitar o imunizante (é muito cinismo). (Salvador-BA).
O sistema político brasileiro precisa ter um profundo “choque de gestão”. Que existirá quando for distribuída a arrecadação federal e as responsabilidades aos estados e aos municípios. Aí cada ente da federação poderá ter como avaliar seus gestores públicos. E assim evitar o clássico “a culpa não é minha, mas eu fiz o certo”. Aí a federação seria um ente regulador. E responsabilidades seriam divididas. E isto acabará com os narcisismos.
Seria cômico se não fosse trágico. Depois de assistir tudo que aconteceu nas últimas semanas (refiro-me apenas às últimas semanas), envolvendo a aquisição, a logística no transporte e os holofotes durante a chegada das vacinas, com fins exclusivamente eleitoreiros. Faz-me lembrar uma frase que li já há muito tempo, mas que se aplicaria ao momento: “Se cobrir, vira circo, se cercar vira hospício”. Florisvaldo F dos Santos
Exatamente isso amigo! Achei um absurdo toda esse enfeite no pavão. Que por si só, já é bonito. Vamos fazer o feijão com arroz, que todos estarão alimentados. Muito boa a crônica! Parabéns! (Rio de Janeiro-RJ).
Amigo Agenor. O que disse nessa crônica é o espelho fiel da verdade. Está, como sempre, adequada ao momento e será uma leitura prazerosa para todos. (Salvador-BA).
A vacina se transformou em palanque de comícios políticos, cada um querendo aparecer mais como pai da criança. Uma vergonha. (Salvador-BA).
Verdade! (Uauá-BA).
Suas palavras verdadeiras para esses fatos vergonhosos, enchem nossos corações de tristeza, num momento que seria de alegria e esperança. O que falta no nosso país além do respeito, é a Amor à Pátria chamada Brasil. (Salvador-BA).
A vacina se transformou em palanque de comícios políticos, cada um querendo aparecer mais como pai da criança, uma vergonha. (Salvador-BA).
Gilda Pimentel, o pai da criança é Doria. O governo federal pegou o bonde chegando na final da viagem! Uma vergonha!!! (Salvador-BA).
Parabéns pelo resumo das ações de uns, para elidirem o pandemônio que a pandemia gerou, e as reações do Governo Federal, para atrapalharem a imunização. Infelizmente, há as falcatruas, ganância por obter dividendos políticos a todo custo, a irresponsabilidade administrativa, os subterfúgios mania de levar vantagem (veja os “fura filas” da vacinação), o que enlameia as cores de nossa Pátria Amada Brasil.
Meu amigo, infelizmente as verdades explicitadas representam a nossa política e os nossos políticos.
Tento imaginar o que nos será apresentado para a 2022. (Salvador-BA).