A tradição milenar embasada nos ensinamentos cristãos, transformou o final de cada ano em período único do calendário, porquanto é o mês em que se comemora o nascimento de Cristo, o Filho de Deus, o Salvador, o Homem que trouxe ao mundo as propostas de fé, amor, redenção, desarmamento dos espíritos, humildade, tolerância e compreensão. Mas, para a nação brasileira, nem mesmo a soma de todos esses sentimentos conseguiu amenizar a decepção, a frustração e a amargura no íntimo dos cristãos mais fiéis – imaginem nos descrentes deste país -, diante do total descontrole político, moral, econômico e institucional em que a pátria está mergulhada.
A vocação comercial atribuída ao mês de dezembro, no que em parte desvirtuou o verdadeiro sentido da mensagem cristã, talvez até tenha sido inspirada na imagem bíblica dos Reis Magos que vieram de tão longe para trazer os seus presentes – Ouro, Incenso e Mirra – ao Menino Jesus que acabara de nascer em Belém da Judéia, e daí pode ter originado a prática.
Como se consolidou o estigma de que em dezembro é obrigatório dar presentes ou trocar presentes, bem que o Papai Noel podia ter lembrado de descer em Brasília, a bela Capital Federal da República do Brasil, e através de algumas chaminés – como conta a tradição – chegar ao interior de alguns palácios dos Poderes constituídos da República, trazendo no seu saco alguns oportunos e valiosos presentes, como: a) VERGONHA, RESPEITO, DECORO E ÉTICA, aos políticos, em sua grande maioria; b) HONESTIDADE, DECÊNCIA E MENOS PROPINA, na liberação das verbas orçamentárias; c) HONRADEZ, MORALIDADE E DIGNIDADE, com mais negociações políticas hábeis e ideológicas, e menos barganhas de cargos, mensalinhos e mensalões com o dinheiro público; d) JUSTIÇA, LIVRE E INDEPENDENTE, sem ranço de partidarismo ou gratidão. E assim, quem sabe, possam os presenteados se encantar com alguns desses presentes, e algo de bom venha a acontecer ao Brasil no novo ano!
É com profundo e triste sentimento que faço esse tipo de reflexão. Em condições normais, qualquer séria crise econômica decorrente de fatores externos, acidentes climáticos ou outros fatores que fogem ao controle da ação governamental, obviamente que o cidadão com espírito patriótico sempre se coloca solidário com o governo, com energia positiva às medidas adotadas, sempre na expectativa de superar o caos. Isso nos faz recordar da campanha “Ouro Para o Bem do Brasil”, lançada pelos Diários Associados após o golpe Militar de 1964, na tentativa de suprir o caixa do Governo, engodo que até hoje não se tem conhecimento dos resultados, mas que contou com a espontânea doação de joias pela população brasileira. Assim aconteceu com o advento da CPMF, contribuição que variou de 0,20% a 0,38% sobre toda a movimentação financeira de pessoas físicas e jurídicas, criada no governo FHC em 1997 e cancelada pelo Senado em 2007. Como a sua inspiração era destinar recursos ao Sistema de Saúde, quase não houve reação contrária. Mas, uma pergunta que ninguém responderá é quanto à Saúde foi destinado do dinheiro arrecadado…? Agora, pretendem a sua volta para o Sistema Previdenciário! Quando sairá o imposto sobre o ar que respiramos? Eis a pergunta…
Inversamente, quando a crise se avoluma em decorrência da inflação que retorna galopante, da corrupção escancarada, da moeda já desvalorizada no mercado em cerca de 50%, do desemprego que cresce, e tudo isso porque a mentira passou a ser o dialeto da comunicação oficial, o REAL foi substituído na sua condição de moeda oficial pela moeda PROPINA, esta de elevada cotação no submundo das sujas negociatas políticas, fatores que fazem a esperança perder a sua força…! A recuperação econômica desejada certamente será imposta, porque reconquistar o apoio e a confiança da população que não mais acredita nos discursos melosos e demagógicos, esta será uma espinhosa missão. Parece surreal e até hilária a frase pronunciada pela Presidente em Floresta-PE, quando disse que “a gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra”. Só que a sua “envergadinha”, Presidente, quebrou e estagnou o Brasil em um ano apenas! E agora, como a senhora vai “desenvergar”?
O Natal passou, mas vamos acreditar que o Papai Noel ainda não retornou ao mundo dos sonhos e das ilusões, e que possa enviar, pelo menos por e-mail, a encomenda tão esperada do momento, contendo VALORES, VIRTUDES e PRINCÍPIOS para a restauração da nossa combalida estrutura político-administrativa nacional.
NOTA DO AUTOR: Quero agradecer aos amigos e leitores que nos honraram com a sua leitura ao longo de 2015 e desejar para 2016 um ano feliz, com paz, saúde e prosperidade em todos os lares. Ao Geraldo José e sua eficiente equipe, votos de continuado sucesso.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade – 27/12/2015
2 Comentários
Florisvaldo, bom dia!
Parabéns pela matéria
Transmita os meus parabéns ao Agenor Santos, pelo modo dele expor os seus pensamentos sempre, Franco Aberto e Direto, sobre tudo que aborda.
Por tudo que estamos assistindo, ele acerta quando diz que o Brasil precisa de:
a) VERGONHA, RESPEITO, DECORO E ÉTICA, b) HONESTIDADE, DECÊNCIA E MENOS PROPINA, c) HONRADEZ, MORALIDADE E DIGNIDADE; d) JUSTIÇA, LIVRE E INDEPENDENTE.
Natanael Ferreira de Souza
Vereador do Município de Cansanção – BA
Obrigado, caro Secretário Municipal, pela coerência de pensamento com nossas posições ideológicas. Oxalá o Brasil ainda receba um dia esses presentes…!