Na quarta edição do evento realizado em 30/06/2015, a extinta seguradora foi reverenciada por seus antigos colaboradores. Em depoimentos emocionados, todos manifestaram sua gratidão.
Vinte e quatro anos se passaram desde que a Companhia Internacional de Seguros (CIS) encerrou suas atividades, mas, para alguns de seus ex-colaboradores, parece que foi ontem. “Se não fosse a CIS, eu não estaria no Direito do Seguro e, hoje, não seria o vice-presidente mundial da Associação Internacional de Direito do Seguro”, disse o advogado Sergio Mello, durante o 4º Encontro de Amigos da CIS, realizado no dia 30 de junho, no Circolo Italiano. O evento, organizado por Adevaldo Calegari, mentor do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP), reuniu mais de 30 ex-funcionários da seguradora.
Pela primeira vez no encontro, Sergio Mello relatou que iniciou como estagiário no departamento jurídico, na fase final da CIS, entre 1987 e 1991. Ele reconhece que os cursos custeados pela empresa fizeram diferença em sua carreira. “A marca da Internacional colou em mim e também em vocês. Basta dizer que trabalhei na CIS e as portas se abrem. Isso é motivo de orgulho”, disse. Calegari reforçou dizendo que a Internacional era forte e respeitada porque investiu em seus profissionais, os quais também se dedicaram e cresceram juntos com ela. “Por isso, temos de manter nossos encontros”, argumentou.
Na turma de estreantes no evento, Vanice Luchezi Pinto trabalhou na CIS por 17 anos, até o seu encerramento. Sonia Maria Aureliano permaneceu apenas três anos na seguradora e, atualmente, está na Chubb. “Mas, guardo boas recordações”, disse. Já Paula Barbuscia, contou que sua carreira de 23 anos na Porto Seguro foi possível graças à experiência adquirida em cinco anos de Internacional. Ronaldo Santos de Oliveira, diretor da Porto Seguro, contou que “tomou gosto pelo seguro” na Internacional, na qual atuou entre 1968 e 1975. José Marcelino Risden, presidente da Berkley Seguros, atuou na CIS no final da década de 70. “Foi uma grande escola”, disse.
A trajetória do fundador
Um dos momentos mais marcantes do encontro foi a leitura da carta que Celso da Rocha Miranda escreveu em agosto de 1984, explicando os motivos que culminaram na venda da CIS. A cópia da carta foi trazida ao encontro por Calegari, que disse ter esperado o momento certo para apresentá-la. No documento, o fundador da Internacional resgata parte da história do mercado de seguros, citando a criação do IRB, a entrada dos bancos no setor de seguros e o apogeu e declínio do seguro de acidentes do trabalho, que deixou de ser operado por seguradoras privadas no final da década de 60.
A leitura causou comoção, especialmente, no trecho em que ele relata a impotência do mercado segurador na época diante da estatização do seguro de acidentes do trabalho. Para a CIS, as consequências foram seriíssimas, segundo o seu fundador, a começar pela drástica redução do número de agentes da companhia – de 300, restaram 20. Em seguida, ele aponta a difícil concorrência das seguradoras independentes com os bancos como outro motivo para a venda da empresa.
“Não disponho mais de armas para continuar a luta no setor de seguros, mas nele deixo meu coração”, escreveu, encerrando o documento. Dois anos depois, Celso da Rocha Miranda faleceu, aos 69 anos. Segundo o seu filho Rodolfo, ele não resistiu à perda da seguradora. Em seguida, Calegari solicitou o depoimento do advogado Antonio Penteado Mendonça, que afirmou desconhecer a carta, mas conhecer muito bem “o Dr. Celso”.
Penteado Mendonça relatou que recebeu o convite para trabalhar na Internacional logo após o seu retorno da Alemanha, a partir de indicação de seu pai, que naquele tempo trabalhava na Johnson & Higgins. Pretendia declinar, mas não soube dizer não a Celso da Rocha Miranda. “Era um homem encantador e cativante”, afirmou. Depois de contratado, sua tarefa foi ajudar trazer seguradoras alemãs ao país, que hoje, segundo ele, são a HDI, Zurich e Factory Mutual. “O que aprendi com o Dr. Celso vale para mim até hoje”, afirmou.
A perseguição política a Celso da Rocha Miranda, que era amigo de Juscelino Kubitschek, opositor ao regime de ditadura militar, foi comentada por Penteado Mendonça e confirmada por Rodolfo da Rocha Miranda. Ele mencionou a suspensão da Pan Air como primeira retaliação, seguida da devassa fiscal na Internacional. “Para todos aqui, a lembrança do Dr. Celso era de um homem íntegro, cordial, humano e generoso”, disse Calegari.
Osmar Bertacini, diretor do Sincor-SP, contou que a Internacional foi o seu primeiro e único emprego, no qual permaneceu por mais de 20 anos. Mostrou, com orgulho, o broche de ouro pelos primeiros dez anos de empresa e um exemplar do Interjornal, veículo interno da seguradora, com sua foto e lista de funcionários da sucursal São Paulo. Ele relatou, ainda, que saiu da empresa depois que Naji Nahas assumiu o comando. “Quando foi decretada a liquidação da Internacional, confesso que chorei”, disse. “A Internacional me deu todas as oportunidades e sou muito grato”, acrescentou.
Para compor o Memorial da CIS, Rodolfo da Rocha Miranda trouxe um álbum de fotos do lançamento da “Modinha”, movimento cultural liderado pela Internacional para resgatar esse estilo de música. As fotos do evento mostram diversas celebridades da época e autoridades na festa no Copacabana Palace, entre os quais o ex-presidente Tancredo Neves. Em seguida, Calegari encerrou o evento, prometendo um novo encontro em novembro deste ano.
Texto e Fotos da Jornalista Márcia Alves – [email protected]
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade 07/07/2015
Florisvaldo Ferreira dos santos
Consultor de Seguros e Benefícios