Se no Brasil de hoje estivéssemos atravessando dificuldades apenas de caráter econômico, podíamos até estar sorrindo tranquilamente e curtindo faceiros a expectativa de mais uma Copa do Mundo, isto porque já foram tantas as crises que marcaram a nossa história, mas, nada que os economistas não encontrem uma solução adequada para a superação, ainda que as marcas fiquem na vida do cidadão por algum tempo! A grande diferença no caso atual, é que, além da escassez de integridade em muitos atos e fatos da vida pública, há registros de situações tão estúpidas quanto inusitadas, e que levam os brasileiros a uma perplexidade de grande dimensão e ao questionamento de que parece brincadeira o que vem acontecendo no Brasil nos últimos tempos…
Por exemplo, se alguém tiver a audácia de cochichar nos túmulos de Ruy Barbosa, Nereu Ramos, Joaquim Nabuco e outras dignidades do passado de nossa história, de que temos um deputado federal preso na Penitenciária da Papuda, mas que a Justiça o liberou durante o dia para que exerça o seu papel de Legislador na Câmara de Deputados, e retorne à noite para dormir na prisão, e assim assegurando o seu direito a salário, verbas de gabinete e outras mordomias do cargo, certamente que um protesto inflamado e indignado poderá sair desses túmulos! A impoluta figura desse deputado presidiário, cognominado CELSO JACOB (MDB), condenado a 7 anos de prisão por “falsificação de documentos públicos e dispensa de licitação”, quando prefeito do município de Três Rios-RJ, hoje faz parte da Comissão de Educação da Câmara onde, exatamente agora, e com a sua participação, está sendo discutida a reformulação do Sistema Prisional! Parece gozação com o eleitorado! É pouco ou querem mais?
Naturalmente que o caro leitor, se não estiver informado, vai pensar que o cronista está sendo por demais exigente em abordar esse único e raro episódio envolvendo o Legislativo brasileiro! Aí é que reside o engano porque são centenas de casos que emporcalham a imagem desse Poder da República! Estou focando menos de uma dezena ou apenas alguns poucos nomes. Na última eleição de 2016 um preso, RONILSON ALVES (PTB), devidamente algemado e com o uniforme de presidiário (vide foto), foi conduzido à Câmara de Vereadores de Caratinga-MG para ser empossado em sessão especial e logo retornou à cela! Tem mais: no Rio de Janeiro a Polícia Federal prendeu o presidente da Assembleia e mais dois deputados estaduais, por denúncia de propina na Lava Jato. O deputado JALSER RENIER, ora em prisão domiciliar, exerce o cargo de presidente da Assembleia Legislativa de Roraima usando tornozeleira eletrônica! E é aqui nesse parágrafo onde o título desse Artigo faz jus.
Como se não bastasse esses casos pontuais extravagantes, suficientes para causar nojo ao eleitorado e envergonhar a Nação perante o mundo, o nosso Congresso Nacional, entre deputados e senadores tem uns 100 investigados ou já respondendo a processos por crimes os mais diversos…! Concordam, que seria mais sugestivo e recomendável edificar muros em volta dos edifícios das duas Casas Legislativas e mudar o nome para PENITENCIÁRIA CONGRESSO NACIONAL? Como eles apreciam muito um Foro Privilegiado, poderiam dispor de uma Turma Especial de Ministros do STF para dar melhor andamento aos seus processos!
Tudo isso me faz recordar o “filósofo da baianidade”, o ex-Governador da Bahia Octavio Mangabeira (1947-1951) que deixou para a posteridade uma frase emblemática: “PENSE NUM ABSURDO E NA BAHIA TEM PRECEDENTES”. Mas, diante do volume de excrescências hoje praticadas na vida pública brasileira, onde se tornou natural o enriquecimento ilícito, a ocultação de patrimônio, o crime contra a ordem pública, a propina correndo solta, a falta de decoro parlamentar, a falta de ética e outros ilícitos, se vivo fosse o Mangabeira naturalmente substituiria a Bahia pelo BRASIL na sua frase, e o faria com muita propriedade!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 17/06/2018
10 Comentários
A cada cronica sua, Agenor, que tanto nos mostra pontos emblemáticos da situação política brasileira, fico pensando que esta realidade foi construída por que a grande maioria dos brasileiros sempre desejaram uma nação patrimonialista, para viver a ilusão das benesses eternas. Mas, embora não seja este o único motivo para termos chegado a uma representação política tão iníqua, e suas crônicas sempre revelam inúmeros motivos, acredito que somente acabaremos com esta situação o dia em que o brasileiro entender que devemos cumprir seus deveres antes de exigir seus direitos.Para acabarmos com a máquina estatal que sufoca de impostos o nosso país. Menos estado e mais Brasil. FOZ DO IGUAÇU-PR.
Parabéns por mais essa, amigo!
Tenho lido seus excelentes artigos com grande interesse, todavia, após a leitura vem a reflexão e, aí, começa a me bater uma depressão, fico atônito, sem ou com pouca esperança de uma melhora em nosso País. Será que na próxima legislatura, teremos legisladores e gestores dignos, capazes e honestos? Mesmo assim continuarei a ler com grande satisfação seus artigos; espero que sim. (Salvador-BA).
Este cenário que você descreve com muita propriedade, infelizmente é uma vergonha Nacional. Essa cambada de políticos deverá sucumbir e oxalá seja extirpada de uma forma sumária e jamais possam, pelo menos, ser candidatos esbarrando no impedimento da LISTA NEGRA QUE IMPEDE A CANDIDATURA À ALGUM CARGO PÚBLICO. (Manaus-AM).
Como sempre tem se dado, as suas crônicas são bem pertinentes e, logicamente, atuais. Julgo, humildemente, que o grave e histórico problema das desigualdades (sejam as sociais em geral, sejam as vinculadas aos direitos dos cidadãos no particular), nesta nossa terra vilipendiada por tantos desmandos, parece-me insuperável, até porque o não menos grave e histórico processo de deseducação da nossa gente muito contribuiu e, cada vez mais, sobretudo nas últimas décadas, contribui para tal realidade, sendo, inclusive, o tão valioso momento do voto – portanto o do legítimo exercício democrático e, em outros cantos do mundo, momento propiciador de profícuas mudanças – aqui no Brasil reduz-se a uma nefasta congregação de extorsões e chantagens, de demagogias e irresponsabilidades, de promessas esdrúxulas e fantasiosas empreitadas, e não raro até de ameaças e mortes nem sempre devidamente apuradas. Pobres e deseducados, em sua maioria neste país – que acostumamos a qualificá-los de povo, como sendo “o povo”, etc – votam erroneamente por desconhecimento, ignorância, dependência e/ou escusos e enganosos interesses, tornando-se vítimas das ações inescrupulosas dos ditos profissionais da politicagem (não da boa política!) ou mesmo perpetradas pelos seus cabos eleitorais. Some-se a isso, é claro, a nossa inconcebível fragilidade partidária!
Não sei, amigo, se as palavras que acima humildemente escrevi já me tornam um insistente desqualificado (?). Pode até ser! Todavia, penso que, talvez até por ser ainda um educador, para além da histórica corrupção que ceifa este Brasil desde os remotos tempos de sua formação até e mais incisivamente aos dias que correm, a falta de uma instrução verdadeiramente de qualidade e socialmente referenciada, obviamente pública e gratuita, se constitui no mais grave e, certamente, mais difícil problema para que tenhamos melhores dias, os quais possam ser por todos, sem exclusões, igualmente vivenciados. E creio, também, que o agravamento desta triste realidade, hoje, mais nos assusta em razão de que, para uma louvável condução do contexto político aí preocupantemente exposto, nos faltem, de fato, as qualificadas representações que então sinalizem confiança e o otimismo. Mas, sigamos! Silenciar ou se omitir e, muito menos, tornar-se um pessimista sem cura, rs, também não é boa opção. (Salvador-BA).
Meu amigo Agenor Santos. “Vejo” sua justa indignação. Respeito! Mas com cautela, percebo que talvez seja mais proveitoso legislar com conhecimento de fato e causa. Quem sabe, além de novidades no Código Penal (CP) a Lei de Execuções (LEP) possa também ser “mais humanizada”. Por exemplo o bloco de reformas poderia proibir o uso de armas brancas nos presídios; instalar saunas e academias (de ginástica, não precisa alfabetizar ninguém, é caro!); instalar motel; frigobar TV de plasma com internet; permitir o uso de armas em todos os locais e níveis; melhorar a comunicação via celular., etc. etc.
Acabo por admitir que lacunas no CP e LEP podem ser resultado da inexperiência de legisladores que “não têm conhecimento de causa”…. Quem sabe doravante melhorem. Afinal, presidiários .”são seres humanos!”
UM ARTICULISTA COMPETENTE E DE BOM SENSO. COLUNISTA DO “ A FOLHA DE NORDESTINA “ COM ORGULHO NOSSO. UM BRASILEIRO DIFERENCIADO E COMPETENTE. (NORDESTINA-BA).
Das imoralidades desse País, vivemos, hoje, a pior delas, onde um deputado faz leis durante o dia e de noite dorme como ladrão. Infelizmente, acho que não estão nem mais ligando para nossas queixas, para os apelos do povo. Por isso e mais, infelizmente, estamos precisando, urgentemente, de uma intervenção, para que seja feita a tão esperada reforma política brusca, mormente com a redução significativa dos legisladores, com efeito dominó, dentre outras, e, depois, convocar eleições democráticas, com voto facultativo, máximo de 5 partidos, número limitado de cargos de confiança (ministério-Máximo de 15), etc., etc. Tudo isso só será possível com as Forças Armadas na frente. Por conta deles, querem é comer mais. (Miguel Calmon-BA).
Realmente, será bem mais útil cercar todo o Congresso com muros bem altos e deixar que todos os envolvidos continuem a trabalhar no mesmo. Economizaríamos uma fortuna com tornozeleiras, etc… E desse lado de cá, tocaríamos com uma nova república correto? Iríamos esquecer facilmente de todos e fundaríamos um novo Brasil. Vou torcer… (São Paulo-SP).
Parabéns, meu caro Agenor!