Reservado, analítico, polivalente. Não faltam adjetivos para definir a personalidade de Antonio Penteado Mendonça ou Nico, como é chamado pelos amigos.
Leitor voraz, possui uma biblioteca de cerca de 5 mil títulos. Diz não gostar de um gênero específico. “De mitologia grega a astronomia, leio o que passar na minha frente. Sou muito eclético na leitura”.
No quesito musical tem cerca de 1,7 mil CDs gravados por ele, de um total de 4 mil. No carro, declara ter 18 mil músicas. Os gêneros variam do sertanejo à 9ª Sinfonia de Beethoven. “Tenho o que você imaginar”, conta ele, que também possui um programa sobre música na rádio Eldorado.
Hoje ele não frequenta mais assiduamente teatro, cinema e concertos devido à rotina, mas a atualização cinematográfica é feita por meio das plataformas de streaming Netflix e NOW.
“Gosto muito de estar com a minha família e meus amigos”. Por isso, promove quinzenalmente almoços em sua casa em que se reúne com os filhos e amigos.
Casado há 38 anos, tem duas filhas e dois netos – de 4 e 2 anos. Marina, a filha mais velha, é advogada criminalista; já a Chica é publicitária e arquiteta.
Clotilde, uma cadela da raça boxer de cinco anos, também compõe a família. “Ela é simpaticíssima e meio alucinada; é elétrica e também possessiva”, diz sobre a cadelinha com quem costuma passear.
“A vida inteira sempre tive cachorro. Aos 4 anos tive o primeiro e a maioria foi boxer. Quando o Pamonha, que era o anterior a ela morreu, a Chica levou a Clotilde lá pra casa”, conta.
Poliglota, conhece 49 países e uma vez por ano viaja para fora do Brasil, além das constantes viagens a trabalho pelo País.
Pratica esportes regularmente. Todos os finais de semana caminha na USP – são 7km no sábado e no domingo – e vai à academia duas vezes por semana, onde costuma chegar por volta de 6h e fica até as 7h30.
Diz não ter uma religião, mas se define como profundamente religioso. “Acredito em Deus e tenho uma formação cristã. Mas isso não quer dizer que eu seja Católico Apostólico Romano, nem Protestante. A primeira coisa que faço todos os dias quando acordo é agradecer a Deus por mais um dia”.
“Acredito no ser humano. Creio que ele tem uma chama divina dentro da alma e do coração, que faz com que ele seja um ser muito especial”, comenta, ao citar como exemplo uma situação vivida por ele. “Um amigo meu, que é usineiro, ligou e perguntou: ‘Nico, você ainda está na Santa Casa?’ Respondi que sim. Ele disse que queria ajudar. Informei que ia passar o contato à diretora para ela operacionalizar. Dez minutos depois, ela disse que ele havia doado R$ 2 milhões para a Santa Casa enfrentar o coronavírus”, relata, ao destacar a formação de uma corrente de solidariedade em torno da pandemia da covid-19.
Um grande papel social
Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que atende cerca de 2,6 milhões pessoas em suas cinco unidades por ano em São Paulo e possui o maior pronto socorro da cidade, quando Mendonça falou com a reportagem da Revista Cobertura estava organizando a estratégia de atendimento para quem apresentasse o quadro de contaminação do coronavírus.
Havia sido iniciada a montagem de tendas em frente à Santa Casa para fazer a triagem das pessoas que procurassem o hospital. “Temos 12 leitos de UTI com isolamento para coronavírus dentro do pronto-socorro e a possibilidade de abrir mais 60 leitos de UTI (na unidade Santa Cecília)”, diz ao falar do número que pode mudar a cada dia.
Mendonça foi eleito provedor em 2017, mas a história com a Santa Casa remonta à década de 1990. “Quando assumi em 2017 contratei a FIA para fazer um trabalho de reorganização administrativa e operacional e montamos uma diretoria profissional, que é quem toca o dia a dia da Santa Casa”.
Direito do Seguro
Preocupado com a pandemia provocada pelo coronavírus, o advogado cumpre diariamente uma agenda rigorosa. Personalidade renomada no mercado de seguros, ele conhece a visão do segurador, do corretor e do advogado de seguros.
Um ano antes de se formar em Direito pela Universidade São Francisco (USP), em 1976, uniu-se a uns amigos já formados que haviam aberto um escritório. Teve como primeiro grande cliente uma seguradora, a SulAmérica.
Paralelamente, o secretario dos negócios metropolitanos do governador Paulo Egydio Martins, o convidou para trabalhar com ele. Durante meio período dedicava-se ao escritório e o restante na secretaria. Foi quando ganhou um bolsa do governo alemão para estudar implantação de indústria e preservação do meio ambiente na Alemanha, onde morou entre 1978 e 1979.
“Quando voltei, o Celso da Rocha Miranda, que era o dono da Companhia Internacional de Seguros, me convidou para participar do grupo de seguradoras estrangeiras que ele estava trazendo para o Brasil”.
A primeira seguradora foi a Hannover, atual HDI, da qual Mendonça foi o primeiro diretor brasileiro. Depois vieram Zurich e Factory Mutual.
Em 1986, ele saiu do mercado de seguros. Por pouco tempo. Retornou ao setor como corretor. “Ser corretor foi muito bom, mas decidi seguir a área na qual sou formado e foquei no direito e, como tinha experiência no mercado segurador, meu público-alvo passou a ser seguradoras”.
A partir desse momento, ele selou a sua trajetória com o mercado. Em 1987, durante conversa com o Julio César Mesquita, diretor do jornal o Estado de São Paulo, Mendonça disse: “’Julinho, ninguém escreve sobre seguros. Você não quer me dar uma coluna?’ Ele me deu”.
Conversando com o João Mesquita, então diretor da Rádio Eldorado, criou um programa sobre seguro. Em 1992, lançou a Crônica na Cidade. No ano seguinte, virou âncora político da rádio Eldorado.
Em 2002, após um período na Folha de S.Paulo, ele voltou com a coluna para o Estadão, mantida até hoje e, em 2010, montou um programa na Banda News TV.
À frente do escritório de advocacia, provedor da Santa Casa, professor universitário e mantenedor de uma coluna no jornal O Estado de S. Paulo, um programa de TV na Banda News e um de rádio na Eldorado, além da dinâmica no mercado de seguros e da Academia Paulista de Letras (APL), da qual é membro, fica a curiosidade para saber como ele faz para conciliar as atividades. “Não paro para pensar. Vou fazendo e aí a coisa gira. Se eu parar para pensar, o dia não tem hora suficiente para fazer tudo o que preciso”, responde entre risos.
Dica de leitura: Antonio Penteado Mendonça recomenda dois livros oportunos para o momento. “A peste”, do franco-argelino Albert Camus, publicado em 1947, é um romance que relata a história de uma epidemia na Argélia. “Quando o autor escreveu era um alegoria contra o facismo e nazismo”.
“Decamerão”, do italiano Giovanni Boccaccio, publicado em 1353, trata de uma peste na Itália, em que um grupo de amigos vai para uma casa de campo para fugir da peste negra e, para passar o tempo, cada um conta uma história.
Fonte: http://www.revistacobertura.com.br
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 09/05/2020