O ano de 2019 tem sido um período cheio de novos acontecimentos no mercado de seguros, tanto em termos de regras, já vigentes ou ainda a serem cristalizadas, quanto em termos de novas iniciativas, como por exemplo as Insurtechs (… e Fintechs).
Todos esses fatores vêm alterando tradicionais comportamentos da indústria de seguros, afetando todos os players de mercado de diversas formas e intensidades.
Apesar disto, previsões variadas no ano passado apontavam crescimento para o mercado segurador em 2019, sendo que tais projeções indicavam entre 6,9% e 10,6%, com variações ainda acerca de inclusão ou não de DPVAT, mas com uma coisa em comum: Pessoas e Previdência seriam os setores que figurariam como carros chefes, previsão essa que se concretiza.
Utilizando-se dados estatísticos combinados, abrangendo o mercado segurador até o mês de outubro e Saúde Suplementar até junho, apresenta-se o seguinte quadro de arrecadação, em R$ bilhões:
Ramo 2018 2019 Variação
Capitalização 17,4 19,6 + 12,6 %
Ramos Elementares sem DPVAT* 58,3 61,6 + 5,7 %
Ramos Elementares com DPVAT* 62,5 63,3 + 1,3 %
Pessoas (risco) 34,1 38,3 + 12,3 %
Saúde Suplementar 96,9 104,2 + 7,5 %
VGBL / Previdência Complementar* 89,0 103,8 + 16,6 %
Total s/ DPVAT 295,7 327,5 + 10,8 %
Total c/ DPVAT 358,2 390,8 + 9,1 %
Obs.: o DPVAT apresentou decrescimento entre 2018 e 2019, razão pela qual se verifica uma razão de evolução menor nos ramos Elementares quando se acrescenta aquele tipo de seguro.
(bases CNSeg e, Carta de Conjuntura do Setor de Seguros – Sindseg-SP / Sincor-SP*)
Essa constatação de crescimento mais uma vez mostra que, ainda que permaneça pequena a contratação de seguros pelos brasileiros em relação a mercados mais desenvolvidos no segmento, a indústria securitária nacional continua firme no sentido da evolução positiva.
À exemplo das mudanças na matriz de distribuição de comercialização de seguros no mercado, como já vimos desde 2018, ano que em ocorreu a inversão de posicionamento entre o ramo de Automóvel, tradicional líder do mercado, e o seguro de Pessoas, esta situação deverá se repetir até o final deste ano.
Segundo dados da Susep (base SES), o valor de prêmio de seguros de 2019, até o mês de outubro, soma R$ 26,2 bilhões para os ramos de seguros de Pessoas (sem VGBL), contra R$ 22,8 bilhões para os ramos de Automóvel. Para os dez primeiros meses deste ano em relação a 2018, o crescimento na contratação de seguros de Pessoas foi de 12,6 %.
Verifica-se também, conforme o quadro já apresentado, que entre 2018 e 2019 os ramos de seguros de Pessoas cresceram mais do que duas vezes o crescimento dos ramos Elementares (sem DPVAT), devendo apresentar resultados positivos mesmo após a dedução da taxa de inflação.
Esses números apontam para uma mudança importante a ser devidamente estudada, objetivando o entendimento dos motivos que a levaram a acontecer.
Importante registrar que no segmento de Previdência Complementar, segundo estudo executado este ano pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 58% dos brasileiros não possuem nenhum tipo de reserva financeira. Considerando as modificações em curso nas regras da Previdência Social, isto tem o potencial de aquecer ainda mais os planos privados de aposentadoria.
Somando-se à essas informações positivas, verifica-se nos dados acumulados até o momento a recuperação das margens de rentabilidade agregadas das seguradoras, para as quais nos dois últimos anos observou-se queda. Com esse resultado, poderá haver inclusive novos investimentos que provavelmente afetarão de modo positivo os vários setores desse mercado.
De toda forma, o mais importante é registrar que o crescimento do mercado de seguros, incluindo Previdência Complementar e Saúde, tem sido resiliente e demonstrado não somente sua força, como também uma mudança positiva do perfil de consumo em termos de busca do apoio e segurança econômica que esses contratos, em seus vários ramos e coberturas, podem oferecer aos indivíduos, às famílias, à sociedade e à economia do país.
Dilmo Bantim Moreira – Presidente do Conselho Consultivo do CVG/SP, diretor de Relacionamento com o segmento de Pessoas e acadêmico da ANSP, administrador pós-graduado em Gestão de Seguros e Previdência Privada, atuário, membro da Comissão Técnica de Produtos de Risco da FenaPrevi e de Seguro Habitacional da FenSeg, docente em Seguros de Pessoas, Previdência Complementar, Saúde, Capitalização, Atendimento ao Público e colunista em mídias de seguros.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 03/01/2020