Uma abordagem de dois suspeitos ao funcionário de uma loja de acessórios para celulares em Guarujá, no litoral de São Paulo, terminou de maneira inusitada. Imagens obtidas pelo G1 mostram que a vítima conseguiu convencer aos assaltantes a não levarem nada do estabelecimento. O registro ganhou grande repercussão nas redes sociais por conta da coragem do vendedor.
Segundo a polícia, o caso ocorreu na última sexta-feira (22), momentos antes do jogo do segundo jogo do Brasil pela Copa do Mundo, mas as imagens foram divulgadas apenas na madrugada desta segunda-feira (25). A loja, que fica no bairro Jardim Helena Maria, abriu as portas mesmo com o movimento fraco, situação aproveitada pelos assaltantes.
No vídeo, primeiro, um dos rapazes entra fingindo ser cliente. Ele pede para ver uma das capas para celular que está à venda no local. No momento em que o vendedor sai de trás do balcão, o comparsa, que estava do lado de fora dando cobertura para a ação, entra para a abordagem.
Segundo o proprietário da loja, Anselmo da Silva, de 37 anos, tudo não durou mais que cinco minutos. “Quando anunciaram o assalto, a reação do meu funcionário foi de calma. E eu já tinha o instruído para que se não apontassem arma, que levasse tudo no diálogo”, conta.
Um dos assaltantes pega o notebook do balcão e coloca por baixo da camisa. Nisso, o vendedor tenta os convencer a não fazerem aquilo. “Ele disse que a loja era conhecida, que eu era conhecido, que ali era um local monitorado e que seria fácil de achá-los, que seriam presos logo”.
A dupla, convencida, desistiu da ação. O notebook foi devolvido ao balcão e, num gesto inusitado, o assaltante cumprimenta o vendedor, com direito a tapinha nas costas. “Aquilo foi inédito. Eu nunca tinha visto nada parecido na minha vida, não acreditei no que aconteceu”, relata o comerciante.
Depois da ação, Silva foi informado e correu para a loja. “Ele ainda me disse que desconfiou que o rapaz que entrou por último estava armado. Mas não tinha como comprovar. Foi sorte”, explica.
‘Não vai me desanimar’
Dono do ponto há 12 anos, o comerciante diz que se a abordagem tivesse sido consumada, aquele teria sido o quinto assalto. “Já tive prejuízos de mais de R$ 12 mil e essa foi a última tentativa. Tirei as coisas que chamavam a atenção, paguei segurança por oito anos, mas ainda assim fui vítima”, explica.
Ele continuará com a loja no local e, desta vez, como não teve prejuízos, desistiu de fazer boletim de ocorrência. “Não vai ser isso que vai me desanimar. Sinceramente, acho que foi Deus que protegeu”, diz.
Agora, a missão será administrar a curiosidade das pessoas sobre o que disse o funcionário para espantar os assaltantes. “Meus amigos ainda questionaram sobre o que meu funcionário falou. A certeza que tenho é de que ele é um menino trabalhador, honesto. Ele agiu certo na hora certa”, finaliza.
Fonte: G1