O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu nesta terça-feira (30) uma nova investigação sobre a hipótese de uma fuga do vírus da covid-19 de um laboratório na China e criticou a falta de acesso dos especialistas aos dados.
Embora os cientistas, que investigaram a origem do vírus na China em janeiro e fevereiro, estimem que essa possibilidade seja a menos provável, “isso requer mais investigações, provavelmente com novas missões com especialistas, o que estou disposto a implantar”, assegurou.
Por sua vez, Estados Unidos e treze países aliados expressaram suas “preocupações comuns” em uma declaração conjunta sobre o relatório.
“É essencial expressar nossas preocupações comuns de que o estudo de especialistas internacionais sobre a origem do vírus SARS-CoV-2 foi significativamente atrasado e não teve acesso exaustivo aos dados e amostras originais”, declara o governo americano com outros países, incluindo Reino Unido, Israel, Canadá, Japão, Austrália, Dinamarca e Noruega.
Na apresentação oficial do relatório conjunto dos especialistas da OMS e de cientistas chineses sobre a origem do vírus, o chefe da OMS disse que a investigação permitiu avançar no conhecimento “de forma importante”, mas que gerou “outras questões que precisam de outros estudos”.
O informe, ao qual a AFP teve acesso na segunda-feira (29), considera “extremamente improvável” que o coronavírus se deva a um acidente, ou a um vazamento de patógenos de um laboratório.
“Espero que novos estudos colaborativos estejam baseados em compartilhar os dados de uma forma mais ampla e rápida”, acrescentou.
O estudo dos especialistas favorece a teoria amplamente aceita da transmissão natural do vírus de um animal reservatório (provavelmente o morcego) para o ser Humano, por meio de outro animal ainda não identificado.
Entre os suspeitos estão o gato doméstico, o coelho ou o vison, ou ainda o pangolim e o furão-texugo.
A transmissão direta do vírus através um animal reservatório é considerada “possível a provável” pelos especialistas, que também não descartam a hipótese de transmissão por carne congelada – pista defendida por Pequim -, considerando esse cenário “possível”.
Tratado internacional sobre pandemias
Também nesta terça, os governantes de quase 20 países, o presidente do Conselho Europeu e o diretor da OMS apelaram à elaboração de um tratado sobre pandemias para melhor enfrentar crises futuras e evitar o ‘cada um por si’ duramente evidenciado pela covid-19.
“O mundo não pode se dar ao luxo de esperar até que a pandemia acabe para começar a se preparar para a próxima”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em entrevista coletiva.
Sem uma abordagem internacional e coordenada, “continuaremos vulneráveis”, advertiu, acrescentando que espera que um projeto de resolução sobre este tratado seja apresentado em maio, na reunião anual dos 194 membros da OMS.
A proposta de tratado foi apresentada em uma coluna assinada por líderes de países dos cinco continentes, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson ou mesmo os presidentes sul-coreano Moon Jae-in, sul-africano Cyril Ramaphosa, indonésio Joko Widodo e o chileno Sebastián Pinera.