Após uma semana de muita tensão na base petista na Bahia, o martelo foi batido: o senador Otto Alencar (PSD) será mesmo candidato ao governo pelo grupo governista no estado. O “aceite” de Otto foi encarado na base governista como o único caminho para o cacique do PSD. “Não tinha o que fazer. Vice ele não seria jamais nem lançaria candidatura avulsa ao Senado”, declarou um influente político do estado. Explicando: o senador Jaques Wagner (PT) sinalizou o desejo de não ser candidato, enquanto o governador Rui Costa (PT) pressionou para disputar o Senado. Só restou a Otto a cabeça da chapa ou a vice. Mas e agora: “tudo certo na Bahia” na base petista? A resposta, dizem pessoas influentes da base, é não.
Otimismo e queixas
O aceite de Otto veio após reuniões com integrantes da base e do PSD no estado. Wagner também comunicou a petistas que ficaria de fora e iria focar na campanha do ex-presidente Lula. No PSD, o clima é de otimismo, já que o partido tem boas chances de ampliar sua bancada na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
O culpado
No PT, ao contrário, o clima é de insatisfação, principalmente contra Rui. Para integrantes da cúpula do partido, a desistência de Wagner é culpa de Rui, que teria tensionado para disputar o Senado e forçado que o senador petista abrisse caminho para a candidatura de Otto ao governo. Além disso, acreditam que podem perder cadeiras nos Legislativos estadual e federal pelo fato de o PT não estar na cabeça da chapa.
O início do fim
Integrantes da base governista garantem que os conflitos ocorridos na última semana vão deixar marcas irreversíveis. Dizem, ainda, que este é o início do fim da base petista. “Essa história de unidade da base é uma grande falácia. A verdade é que há tensões entre políticos e partidos impossíveis de serem resolvidas”, conclui um deles, sob anonimato.
Sondagens
Ao longo da última semana, após Rui tensionar para disputar o Senado e Wagner dizer que não queria ser candidato, aliados muito próximos a Otto começaram a sondar deputados e caciques partidários da base e também da oposição sobre a possível candidatura. Perguntam o que pensam sobre o nome do senador e se o apoiariam na corrida eleitoral, inclusive já pensando na construção de palanques para Otto nos seus municípios.
Leão faminto
Pessoas próximas ao senador dizem que o temor do cacique é com o governo do vice João Leão (PP), que herdaria o comando do Palácio de Ondina com a renúncia de Rui para disputar o Senado. O receio do PSD é que Leão, como chefe maior do governo, meta as garras nos espaços hoje comandados pelo partido. A própria Secretaria de Infraestrutura é muito cobiçada por integrantes do PP. A tendência é que as duas siglas acirrem – ainda mais – a disputa por espaços na gestão estadual.
O fim da picada
A aliados próximos, Otto não escondeu sua insatisfação com a declaração do deputado estadual Robinson Almeida (PT), sugerindo que o senador fosse candidato a vice na chapa com Wagner ao governo e Rui ao Senado. Otto considerou a proposta “ofensiva e desrespeitosa” por “desconsiderar completamente” a importância do PSD na aliança liderada pelo PT.
O mandante
Integrantes da cúpula do PSD acreditam que a declaração de Robinson teria sido ordenada por Wagner, de quem o deputado é muito próximo. Robinson, inclusive, foi secretário de Comunicação na gestão de Wagner. A avaliação dos pessedistas é que a cúpula do PT tentou criar um clima para que Otto fosse vice.
Conclusão
No final das contas, foi feita a vontade do ex-presidente Lula, que em Brasília vinha afirmando que desejava Otto na cabeça da chapa. Wagner, que era pressionado por familiares para não concorrer ao governo, também já não escondia seu desejo de não disputar o Palácio de Ondina. E Rui, também pressionado por pessoas próximas, queria a vaga do Senado na chapa.
Insatisfação
Com a definição da chapa encaminhada, a base governista tem agora outro desafio: a organização das chapas proporcionais, num cenário de novidade, sem coligações. Há na base um clima de insatisfação diante da indefinição da majoritária, que afeta a formação proporcional. Inclusive, lideranças reclamam também que nem Rui nem Wagner estão liderando estas articulações de formação das chapas. Há deputados que esperam a orientação dos líderes para definirem seus destinos partidários. “Rui só pensa no Senado e Wagner, em Lula. A base ficou sem coordenação. Tomara que Otto assuma essa parte”, diz um deputado.
Vira-casaca
Um deputado estadual que vivia defendendo Rui Costa em todos os cantos agora foi flagrado soltando cobras e lagartos contra o governador. Traíra e desagregador foram os termos publicáveis utilizados por ele, garantem parlamentares que ouviram as queixas do aliado.
Olho aberto
Nos corredores da Assembleia Legislativa, deputados do governo já sondam integrantes da oposição sobre as condições de eleição no grupo oposicionista. Um deles queria saber a expectativa de bancada do União Brasil, partido do pré-candidato ACM Neto. Será que quer migrar?
Fonte: Alô Alô Política / Correio24Horas