Quando a Ford apresentou esta reestilização do EcoSport, em meados de 2017, era esperado que ali o SUV aposentasse o estepe preso à tampa traseira. Afinal, Europa e Estados Unidos já conheciam o SUV sem a peça pendurada e, em teoria, não seria complicado implementar por aqui. Porém, o projeto original do modelo não previa espaço para o pneu suplementar abaixo da base do porta-malas, e então seguimos com o estepe ao relento.
O que é?
Para a linha 2020, conforme apresentado no Salão do Automóvel, a principal novidade do EcoSport é a versão Titanium com motor 1.5 Dragon e a ausência do estepe. A notícia ruim é que o motor 2.0, com injeção direta e 176 cv, agora é exclusivo da versão Storm, aquela com visual aventureiro e tração 4WD. A boa é que, depois de tantos pedidos, a tampa traseira agora é lisa e acomoda a placa, mas somente nesta versão Titanium – as demais seguem com o estepe externo.
Para eliminar o estepe, a Ford adotou novos pneus nas rodas de 17″. Fornecidos pela Michelin, são do tipo runflat e podem rodar vazios em velocidades de até 80 km/h por até 80 km, seja por um furo, rasgo ou apenas por ter murchado. “As rodas já estavam preparadas para receber este pneu desde o lançamento”, disse uma fonte. Isso porque a área de apoio do pneu com o aro é diferenciada para evitar que se soltem em uma situação de emergência. Já o pneu runflat tem o ombro (a lateral) reforçada para que não deixe a roda tocar o chão quando vazio, assim como a borda que fica em contato com a roda. Se precisar rodar mais, até cerca de 200 km, a Ford fornece um kit de reparo (compressor e selante) no porta-malas. O sensor de pressão dos pneus por roda também é necessário para avisar quando há algum problema.
Com isso, o EcoSport Titanium ficou 173 mm mais curto e 5 kg mais leve em comparação com a versão Freestyle 1.5 AT, que mantém o estepe. Apesar de parecer pouca diferença, a nova distribuição de peso exigiu um novo ajuste de suspensão, direção e freios para a versão Titanium.
Como anda?
Dirigir um EcoSport Titanium e não ter o motor 2.0 é até estranho. Com acabamento e equipamentos (quase) idênticos, irá perceber a diferença quem ouvir o ronco característico do 3-cilindros e, lógico, a diferença de desempenho entre os dois motores. Afinal, são 39 cv e 6,3 kgfm de torque a menos para levar praticamente o mesmo peso (o Eco Titanium 2.0 pesava 1.359 kg). As acelerações são conhecidas desde o teste com a versão Freestyle 1.5 AT, que fez de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos.
Ou seja, apesar da potência específica elevada, o EcoSport parece ter menos do que sua ficha técnica mostra. A programação do câmbio automático é conservadora e parece “roubar” potência do motor. Até a escolha da relação final, curta para uma caixa de seis marchas (a 120 km/h, estamos na faixa das 3.000 rpm em sexta) mostra que falta fôlego ao Dragon, um motor moderno, para levar o SUV nas costas. Principalmente em se tratando de uma versão topo de linha, que na prática anda o mesmo que a básica.
Quanto aos pneus run flat, só percebemos a diferença ao rodar na hora em que passamos por buracos, já que o reforço de ombros acaba deixando o pneu mais duro. A dinâmica é a mesma já conhecida do EcoSport, sem mudança pela eliminação do estepe na tampa traseira. Em curvas, a tendência de saída de frente logo é freada pelo controle de estabilidade.
Na pista de testes de Tatuí (SP), a Ford furou de propósito o pneu traseiro do EcoSport, para mostrar uma situação onde o controle do carro fica prejudicado. Como o pneu runflat não perde totalmente o ombro, a dinâmica fica quase a mesma – só se realmente provocado que ele dobra mais que o normal e tende a perder o controle, mas aí o ESP atua rapidamente e traz o SUV de volta ao prumo. Uma antiga falha, porém, permanece: a abertura da tampa continua lateral, o que atrapalha em locais apertados.
Quanto custa?
Se o esperado era que o EcoSport Titanium sem estepe e com motor menor ficasse mais barato, isso não aconteceu. A nova versão custa salgados R$ 103.890, ante os R$ 100.590 da antiga Titanium 2.0 – e parte da linha também subiu. Na lista de equipamentos, a ausência do farol de xênon é a mais sentida, assim como as maçanetas escovadas no interior. De resto, mantém controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampas, sete airbags, teto-solar, bancos em couro claro, sistema multimídia SYNC 3 com espelhamento de smartphones, partida e abertura de portas com chave presencial, painel de instrumentos com tela de 4,2″, sistema de som assinado pela Sony, ar-condicionado automático, piloto automático e os pneus runflat.
Aos que estão curiosos pelo preço do pneu na hora de reposição, a Ford diz que venderá na rede pelo preço de R$ 899, ante os R$ 663 dos normais. Na hora de repor o selante, separe R$ 70. E, segundo a Michelin, o pneu pode ser reparado uma vez antes de ser trocado, lógico que dependendo do tipo de dano que aconteceu. A Ford diz que a aplicação desta tecnologia em nas versões mais baratas do Eco depende da aceitação do público.
(Fonte: Motor1)