Os pais de um menino de 8 anos afirmam que a criança teve o órgão genital operado por engano após ter o prontuário médico trocado em Piedade (SP).
Segundo a mãe, a cirurgia estava programada para corrigir um problema de hérnia umbilical e, por um equívoco, foi feita uma cirurgia de fimose, agendada para outro paciente no mesmo dia.
O procedimento, que foi realizado no último dia 7 de maio, na Santa Casa de Piedade, deixou os pais do menino preocupados.
Em entrevista ao G1, a mãe da criança contou que, ao questionar a médica que operou o filho, ela disse: “Eu sou a profissional, eu sei o que estou fazendo”.
“Ele está ciente do que aconteceu e tem medo de operar de novo, diz que não quer que corte em outro local, com medo de errarem novamente”, continua.
O problema começou quando a criança tinha 2 anos e os pais foram aconselhados a submetê-lo a cirurgia para o caso da hérnia. “Levei ao posto de saúde aqui da cidade e o médico de lá me encaminhou para a cirurgia na Santa Casa. Então, eu não conhecia a médica que ia operar meu filho”, conta.
“Chegamos às 6h no dia marcado para a cirurgia no hospital, tudo certo até então. Às 9h, começaram a preparar para a cirurgia”.
O pai conta que, durante o pós-operatório, entrou na sala de recuperação para ver como o menino estava. Foi então que o filho comentou que os médicos haviam operado o órgão genital dele. Já a mãe diz que não conseguiu nem entrar no local para falar com a criança.
“Eu estava muito nervosa, comecei a passar mal, não caía a ficha. Meu marido me contou que a cirurgia tinha sido feita errado. A médica demorou para vir conversar comigo, ela estava muito nervosa e explicou ‘por cima'”, revela.
A mãe ainda afirma que viu as fichas médicas trocadas no hospital e ouviu o filho ser chamado por outro nome.
“No mesmo dia, um menino de 12 anos seria operado da fimose, mas ele foi dispensado, pois estava gripado. Eu escutei os profissionais chamando meu filho por outro nome. Graças a Deus que o outro menino foi mandado embora, senão iam operar a barriga dele”, conta.
Segundo a mulher, a médica responsável não retornou ao quarto do menino para acompanhar o pós-operatório nem para dar alta a ele.
“Quem deu a alta para ele foi outro médico. Ele estava aparentemente chateado, com a cabeça baixa. Disse que entendia a reação da família, que estavam constrangidos, mas era melhor pensar pelo lado bom, de que o meu filho estava vivo. Também fui informada de que a médica não estaria no hospital para conversar comigo, mas, questionando a recepção, disseram que ela estava. Acho que não queria falar comigo”, relata.
A mãe disse ao G1 que não conhecia a mãe do outro menino e que conversou pouco com ela após o acontecido. A reportagem tentou contato com a outra mulher, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Um boletim de ocorrência foi aberto na delegacia de Piedade. A ocorrência, classificada como lesão culposa, será encaminhada ao Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e à prefeitura para análise.
“Isso é inadmissível. Ficamos todos muito abalados, queremos uma resposta”, completa a mãe.
O G1 também entrou em contato com a Santa Casa de Piedade para pedir um posicionamento, mas ninguém retornou.
Fonte: G1*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku.