Uma postagem nas redes sociais chamou atenção nesta quarta-feira (5). Gabriela Lemos publicou a foto de uma receita médica a um paciente analfabeto feita pela irmã, Manuela Lemos, estagiária de medicina na Unidade Básica de Saúde Condor, em Belém.
No documento, a jovem e a supervisora médica Rayssa Miranda tentam ajudar o paciente que é hipertenso e diabético a não errar o horário das medicações. Cada medicamento ficou com uma fita amarrada, que também foi colada junto ao horário que deve ser tomado, respectivamente. A estudante também usou adesivos para lembrar de aliar as medicações às alimentações do dia.
“Hoje nos deparamos com um paciente que apesar de ter suas caixas de remédios adesivadas de acordo com o horário (…), não conseguia lembrar o significado de cada fita, e continuava tomando a medicação de forma errada. Foi então que perguntei se podia fazer para ele essa receita da foto”, explicou Manuela Gomes, em um post compartilhado mais de 90 vezes até esta quarta.
O atendimento foi na terça-feira (4). A professora Rayssa Miranda, segundo a estudante, teria comprado as fitinhas para ajudar os pacientes.
“Ela é uma profissional que sempre ensinou que deveríamos nos preocupar em passar a mensagem para o paciente de forma clara, se preocupando de verdade com o tratamento dele”, disse.
O atendimento terminou bem, como ela disse: “Foi um trabalho conjunto, pensando no bem do paciente, que agradeceu com um sorriso de compreensão”.
Em entrevista ao G1, a médica Rayssa Miranda explicou que em uma das consultas elas perceberam que o paciente não sabia ler e tomava os remédios de forma desordenada. “Então a gente pediu para que ele voltasse com todos os medicamentos para identificar as caixas de maneira que ele entendesse melhor. Foi quando a Manuela perguntou se poderia adesivar o receituário”.
“No final, ele entendeu tudo, nos abraçou, agradeceu e sorriu”, contou.
A doutora explicou que a primeira fita do receituário, prata com estrelas, é para ele lembrar do medicamento ao amanhecer, que deve ser tomado em jejum. A fita amarela para que ele tome de dia e a azul para que tome de noite. Já a de arco-íris é para ele lembrar que o “almoço e o jantar devem ser coloridos, com legumes, proteínas e carboidratos” e os adesivos das frutas, para que ele lembrar de “comer algo leve e tomar a medicação em seguida, antes de dormir”.
Repercussão inesperada
A doutora explicou que, antes de acabar a consulta, a estudante tirou uma foto para que servisse de modelo para outras ocasiões e ela acabou encaminhando à irmã, que postou nas redes sociais.
“Teve toda essa repercussão que a gente não esperava. Na hora a gente nem pensou que poderia ter colocado todos os horários nas próprias caixas, mas isso fica como aprendizado para o próximo atendimento. Foi uma atitude espontânea. Mas caso ele esqueça de novo, ou perca a receita, ele pode voltar quando quiser que iremos atendê-lo novamente, sem nenhum problema”, contou.
“Foi um atendimento muito emocionante, até a Manuela lagrimou”, contou.