Um mês depois de oferecer 70 milhões de doses da sua vacina contra a Covid-19 ao governo federal, a Pfizer também teve recusada uma proposta feita ao governo da Bahia para compra antecipada do imunizante, produzido em parceria com o laboratório alemão BioNTech. No dia 23 de setembro, estiveram reunidos o governador Rui Costa, o secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, e o presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, quando foi discutido o assunto.
Dias antes da reunião com a Pfizer, o governo da Bahia assinou um acordo de cooperação com o Fundo Soberano da Rússia (RDIF) para o fornecimento de até 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, também em testes naquela ocasião. Um dos motivos que levaram o governo baiano a optar pela vacina russa, segundo Fábio Villas-Boas, é que a Pfizer, mesmo com a vacina em período de teste, queria que o Estado se comprometesse a comprar um determinado número de doses.
“Nós fizemos com os russos para 50 milhões de doses, mas eles não nos obrigariam a comprar. Eles [Pfizer] queriam que a gente assinasse um compromisso de compra, dizendo que se comprometia a comprar x milhões de doses”, afirmou Vilas-Boas. “Nós dissemos que tínhamos interesse, mas não podíamos fazer aquisição da vacina sem os estudos concluídos”, explicou o secretário da Saúde.
Na ocasião, a Pfizer ainda realizava os seus estudos, mas já negociava com diversos países, incluindo o Brasil. Em julho, por exemplo, os Estados Unidos assinaram um acordo de US$ 1,95 bilhão, para a aquisição de 100 milhões de doses.
Questionado sobre quantas doses teriam sido oferecidas pela Pfizer, o titular da Sesab disse que isso não chegou a ser discutido, porque “não era possível fazer da forma que eles queriam”. Procurada, a Pfizer não informou se foi discutido um quantitativo de doses ou o valor da eventual transação.
No Brasil, apenas Bahia e São Paulo participaram dos estudos com voluntários para atestar a eficácia da vacina Pfizer no ano passado. Em solo baiano, os testes foram feitos em 1.549 pessoas, no Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador.
De acordo com reportagem do Jornal A TARDE, meses depois de recusar a proposta da Pfizer, o Governo da Bahia teria procurado a empresa para tentar adquirir vacinas, porém devido a grande demanda, a Pfizer já não tinha mais interesse em negociar.
Em comunicado, a Pfizer revelou a proposta recusada pelo governo da Bahia em setembro e disse que a participação de voluntários em estudos clínicos “é de extrema importância não só para a ciência, mas também para a história e para a sociedade”.
Fonte: A Tarde