Centenas de fiéis da igreja católica participaram na noite de quinta-feira (29), a partir das 20h, da Procissão do Fogaréu, em Feira de Santana.
A caminhada, que encena a prisão de Jesus pelos soldados romanos, tradicionalmente acontece a partir da meia-noite da Sexta-feira Santa, mas por questão de segurança foi realizada mais cedo ontem.
Os participantes partiram da capela do Hospital Dom Pedro de Alcântara, passando pela Avenida Getúlio Vargas, em direção à Catedral de Senhora Santana, onde ocorreu o ato do ‘lava pés’.
O participante Raimundo Matos contou que a procissão representa a luz para todos que acreditam em Jesus. Desde criança, ele acompanha o evento.
“Eu participo desde criança com meus pais, que vinham para o fogaréu e traziam a gente para acompanhar. Isso representa amor, paz na família, união, respeito aos irmãos, ser cordial com as pessoas, e o amor de Deus”, afirmou.
Carlos Fabiano, 42 anos, participa há mais de 20 anos, juntamente com o pai e demais familiares. Para ele, a procissão também traz muitos significados, sobretudo de amor ao próximo.
“A procissão significa fé, amor em Deus, redenção, que a gente precisa ser mais irmão para com os outros, ter mais tolerância com as pessoas. Hoje em dia, as pessoas estão muito afastadas de Deus, e nós que temos nossa caminhada na igreja temos que entender essas pessoas e tolerar, porque não estamos aqui para julgar ninguém, quem tem que julgar é Deus. Por isso eu venho para a procissão, para me fortalecer na fé e na tolerância”.
O arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanone Castro, ressaltou que a caminhada na Semana Santa é um momento central da fé do cristão e traz à memória os últimos passos de Jesus antes da sua crucificação e morte.
“A Procissão do Fogaréu, pelas vestes e pelas máscaras, relembra aquele momento último, da agonia, quando Jesus foi entregue por Judas e apresentado às autoridades romanas como um malfeitor, blasfemo, herege, e teve a mesma sorte dos profetas. A cruz de Jesus é loucura para os gregos e escândalo para os judeus. A tradição dizia ‘maldito aquele que é suspenso no madeiro’. Mas aquele que se tornou maldição, tornou-se causa de salvação.”
Para o arcebispo, este também é um momento de reafirmar a defesa da vida e os direitos da pessoa humana. “Jesus morreu para resgatar a pessoa na sua integridade. ‘Eu vim para que tenham vida, e vida em plenitude’. A caminhada de Jesus é a caminhada do povo de Deus. O sofrimento de Jesus é o sofrimento do povo de Deus. A via sacra foi o sofrimento de Jesus e da mãe de Jesus, que representa o sofrimento de tantas mães, tantas mulheres, que veem seus filhos morrerem antes do tempo, de forma violenta. Por isso fazemos memória através da tradição do fogaréu, fazendo presente a dor, o sacrifício, a condenação de Jesus, para termos uma perspectiva nova de vida e salvação”, declarou Dom Zanone.
Com informações e fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.