Sempre que me vejo diante do processo de escolha de um tema, mesmo que sejam fartos os acontecimentos políticos nacionais a oferecer alternativas para a construção da matéria semanal, invariavelmente, deparo-me com uma vontade de escrever algo sobre o SUS-Sistema Único de Saúde vigente no país. E, assim, dei a largada nessa direção, talvez motivado pela necessidade de fazer alguma justiça, visto que a crítica contumaz é a prática comum no dia a dia, não considerando que as filas em hospitais, marcações de exames com longa espera e outros problemas que possam existir, decorrem da enorme demanda proporcionada por uma população sempre em franco crescimento.
A crítica mordaz ao Sistema de Saúde oficial causa inquietação e até indignação, às vezes, porque é extraordinário o trabalho que é realizado nos Postos de Saúde e Hospitais Públicos por profissionais da área, constituídos por médicos, enfermeiros e servidores em geral no atendimento a milhões de brasileiros que não têm condições de pagar um Plano de Saúde que os proteja.
Mercê das carências que se sabe existentes para um completo e mais perfeito funcionamento do Sistema, o que seria dessa enorme massa de pessoas carentes se ele não existisse? O cidadão, empregado ou desempregado, tem a sua dignidade respeitada pelo atendimento médico oficial que lhe é assegurado pelo Estado, sem a humilhação do desprezo e do abandono pela falta de alguém que possa garantir-lhe o socorro médico.
Os números atualizados pelo IBGE impressionam, quando indicam que 71,5% ou 150,1 milhões de brasileiros dependem desse atendimento, não só para consultas médicas, mas, exames, cirurgias, internamentos e fornecimento de medicamentos, principalmente de uso permanente para doenças como diabetes, pressão alta, asma, HIV e Alzheimer. Não esquecer que os acidentados socorridos pelo SAMU nas vias públicas são, também, acolhidos nas Unidades do SUS.
Ainda que possam existir possíveis imperfeições localizadas na Constituição Federal aprovada em 1988, apelidada de “Constituição Cidadã”, temos de ser justos em reconhecer que foi a partir dela, no seu Art. 196, que esses direitos do cidadão foram consagrados: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos…” E isso tem o seu lugar, merecendo nossos sinceros aplausos aos constituintes de então!
Deve ser motivo de honra para todo o cidadão, em saber que o Brasil é o único país do Mundo com população acima de 200 milhões a possuir um Sistema Único de Saúde com essa complexidade e nos moldes do SUS. Que garante o amplo acesso integral, universal e igualitário a milhões de brasileiros, desde o simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos, sem restrições e limitações, como as existentes nos sistemas de outras Nações, conforme relata o Ministério da Saúde. Ressalte-se que toda essa gama de serviços médicos não está restrita às unidades oficiais do Estado, mas, também, na rede médica privada de todo o país através dos Convênios com o SUS.
Um exemplo merece ser lembrado, de um fato ocorrido nos EUA, onde não assegura o atendimento médico gratuito sob a responsabilidade do Estado. Num episódio marcante, um cidadão americano, Sr. Michael Flor, de 70 anos, acometido do COVID-19, ficou em estado grave e foi internado por 29 dias.
Após a sua alta hospitalar, retornou à sua residência e aí recebeu a fatura com a cobrança das despesas, num total de 5,6 milhões de reais! Junto, um relatório de 181 páginas contendo todos os procedimentos ocorridos e cobrando, inclusive as roupas de proteção que os profissionais de saúde tinham que usar quando entravam no quarto onde ele estava isolado… É pouco! E aí, para quem reclama de tudo, o que tem a dizer? Alguém teria como pagar? Vou me antecipar e responder: jamais alguém pagaria uma conta milionária dessa!
Reafirmo que foram felizes os Constituintes de 1988, ao tornar definitivo e inalienável esse direito constitucional do cidadão, que não está a depender da vontade desta ou daquela liderança política, de esquerda ou de direita. Só precisamos ter a consciência do valor que o SUS representa, porque se é RUIM COM ELE… PIOR SEM ELE!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 18/10/2020
8 Comentários
Parabéns pelo reconhecimento feito ao SUS, que é um dos maiores sistemas e mais completo do mundo, cobrindo desde curativos primários até procedimentos mais complexos como transplante de órgãos. É honroso sim para o cidadão que conhece, saber que seu país é o único no Mundo que garante o acesso integral, universal e igualitário a todas as pessoas, inclusive aos não brasileiros, mesmo que tudo isso seja feito, enfrentando a corrupção desenfreada em todos os órgãos da união, especialmente na área da saúde. Foram felizes os Constituintes de 1988, quando tornaram definitivo e inalienável consolidaram esse direito constitucional a todo cidadão.
Caro Agenor,
O seu texto nos ilustra sobre a importância do SUS. Estive com a minha família, mais recentemente, duas vezes, antes desse complô batizado de “pandemia”, nos EUA e vimos o mesmo país rico e deslumbrante de sempre, mas, infelizmente, com um número significativo de pessoas sem teto e com curativos improvisados o que nos chocou. Ainda mais, ao sabermos que sem seguro e sem dinheiro elas não são atendidas nos hospitais. Um dado que nos choca a todos. (Brasília-DF).
Amigo Norton,
O seu comentário somente convalida e enriquece o tema da crônica, pelo testemunho da sua experiência pessoal no EUA. Obrigado por mostrar a coerência do texto.
Parabéns mais uma vez. Esse artigo sobre o SUS foi espetacular! (Salvador-BA).
Pura verdade, prezado. (Miguel Calmon-BA).
Parabéns, Agenor! Excelente a sua crônica. (Salvador-BA).
A verdade nua e crua, dói… na consciência dos corruptos. Quando era assinante de jornais, a primeira leitura era dirigida para algumas crônicas do jornalista Adroaldo Ribeiro Costa, Wilson Lins, Josaphat Marinho, o Cardeal Brandão Vilela, e tantos outros de saudosa memória, que o tempo faz esquecer. Esse sistema de dar prioridade a certos autores que, em seus escritos baseados na verdade nua e crua, aprendi quando aluno da Escola Livre de Jornalismo, mantida pela Associação Jequieense de Imprensa, na época presidida pelo íntegro Juiz de Direito de Jequié, Dr. Valter Nogueira. Atualmente continuo com o mesmo vício de dar prioridade à leitura de notícias publicadas por uma rede social, vez que os jornais são mais tendenciosos em favor de grupos políticos, deixando muitas verdades sem divulgação.
O autor publica uma coluna com artigos sobre os vários aspectos da vida cotidiana, especialmente na área da política nacional. Ele é um daqueles jornalistas que em seus artigos só comenta fatos com argumentos da razão pura da verdade, dando opinião precisa, justa e perfeita. Como o sistema que predomina é o toma lá dá cá, propiciando o surgimento de uma nova profissão, ou seja, os MALEIROS, que são nada mais nada menos que os corruptos que não continuam mais em bancos para depositarem o dinheiro e transformando até roupa íntima, como cuecas em cofre particular, numa demonstração que o objeto é sujo e o personagem autor só anda envolvido com dinheiro sujo.
O amigo Agenor na sua linha de conduta procura de todo modo separar o joio do trigo, desvendando a verdade nua e crua, sem tendências partidárias, porque a sua visão da vida é no sentido de que todos nós encontremos o caminho do bem, da virtude e da honestidade, denunciando as mazelas para que a justiça cumpra os seus objetivos. (Salvador-BA).
Antes de tudo, meus parabéns ao comentário do Sr. José Portela. Agora voltando a crônica, muito bem observado pelo cronista, o nosso SUS realmente é um gigante que cumpre sua missão de forma surpreendente dadas as dimensões do país e a distribuição demográfica, onde existem concentrações nos grandes centros urbanos e baixa densidade populacional na maior parte do território. O que exige uma logística criar loja virtual gratis complicada. Mas observo que muitas das críticas, embora existam deficiências, são sempre acompanhadas de promessas políticas sem qualquer interesse em solução de problemas. Mas para mim a grande meta a perseguir seria diminuir gastos políticos e aumentar a quantidade de profissionais de saúde que atuam no SUS e os recursos empregados. Mas não vejo políticos falarem isto em suas campanhas. FOZ DO IGUAÇU