O advogado Paulo Emílio Catta Preta, que atuou por oito meses na defesa de Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe da milícia “Escritório do Crime”, disse que vai pedir às Corregedorias de Polícia do Rio e da Bahia a investigação da operação que resultou na morte do ex-capitão do Bope. Adriano foi morto na manhã deste domingo, 9, no sítio do vereador do PSL Gilsinho da Dedé, na área rural da cidade de Esplanada, no litoral baiano, após resistir à prisão e trocar tiros com agentes do Batalhões de Operações Especiais.
Segundo Catta Preta, Adriano ligou para ele pela primeira vez na terça, 4, para dizer que temia ser morto como de “queima de arquivo”. O advogado afirma que nunca teve contato direto com o miliciano, mas que, apesar disso, tinha convicção de sua inocência e absolvição. A conversa aconteceu dias após uma operação para prendê-lo na Costa do Sauípe, na Bahia.
“A mulher dele, Julia, me contou que policiais apontaram armas para as filhas do casal, de 17 e 7 anos, durante essa operação. Depois, o Adriano me ligou e afirmou que não adiantaria se entregar porque ninguém queria sua prisão, e sim sua morte”, disse o advogado a Veja.
De acordo com Catta Preta, ele tentou convencer o miliciano afirmando que estava convicto de sua absolvição. “Eu o aconselhei a se entregar e negociar sua rendição, mas ele tinha certeza de que seria morto. Não perguntei o que motivaria a tal “queima de arquivo”, mas, de fato, ele foi morto dias depois dessa conversa”, disse o advogado, que afirmou que se a suspeita de Adriano estiver correta, vai exigir a punição pelo crime. “Nenhuma pessoa deve ser executada sumariamente, por mais que seja um foragido da polícia”, disse Catta Preta.
O advogado entrou para a defesa do ex-capitão do Bope há oito meses e, mesmo sem conhecê-lo, teve convicção de sua inocência dele ao ler o processo. “O Adriano é um bandido de folhetim, mas os autos do processo não trazem provas de que ele é o chefe da milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.
Outros crimes do “Capitão Adriano”
Foragido há cerca de um ano, o miliciano era suspeito de participar de diversos homicídios, inclusive o da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018. Adriano estava sendo investigado pela inteligência da Secretaria de Estado de Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público.
Em uma matéria de junho de 2019, VEJA adiantou que Adriano e Fábrico Queiroz, que trabalharam juntos no 18º Batalhão da PM, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, se envolveram em um homicídio em 2003. Juntos, Adriano e o sargento Queiroz atiraram em Anderson Rosa de Souza por volta de 0h30 de 15 de maio de 2003, durante uma ronda na Cidade de Deus. Souza morreu em consequência dos tiros, e a dupla, na madrugada, foi a uma delegacia registrar o que qualificou de auto de resistência — na sua versão, dispararam para se defender.
Anos mais tarde, Queiroz recrutou a mãe e a esposa do miliciano, que à época já era notório no submundo do crime, para trabalharem com ele no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro. Em dezembro, o Ministério Público do Rio constatou que Queiroz usou as contas bancárias da mãe e da mulher de Adriano para repassar parte do salário delas, em um esquema que ficou conhecido como “rachadinha” no antigo gabinete do Zero Um, Flávio. O deputado, em 2005, chegou a homenagear o miliciano com a Medalha Tiradentes, a mas alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio.
Fonte: https://veja.abril.com.br – Jana Sampaio
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 09/02/2020.
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12/02/2020 – Justiça do Rio proíbe a cremação do corpo de Adriano da Nóbrega
Minutos antes da decisão, um integrante do governo Witzel disse a VEJA que ex-policial seria cremado nesta quarta-feira.
A Justiça do Rio proibiu, nesta quarta-feira, 12, a cremação do corpo do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega. O pedido havia sido feito pela mãe e pelas irmãs do ex-policial.
Em sua decisão, a juíza Maria Izabel Pena Pieranti afirmou que o pleito não atendia “aos requisitos da Lei 6.015/73, não estando acompanhado de imprescindíveis documentos”, como o Guia de Remoção de Cadáver e o Registro de Ocorrência. A magistrada destaca, também, que a morte de Adriano da Nóbrega não se deu “por causas naturais”.
Momentos antes da decisão, um integrante do governo de Wilson Witzel havia informado a VEJA que Adriano, morto numa operação policial conjunta das secretarias de segurança pública dos estados da Bahia e do Rio, realizada no domingo 9, seria cremado nesta quarta-feira.
Ex-capitão do Bope, Nóbrega era acusado de chefiar a milícia Escritório do Crime e considerado peça-chave na investigação do caso da rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República. Como afirma a magistrada na decisão, se consumada, a cremação dificultaria o esclarecimento de uma das principais dúvidas sobre a morte: se Nóbrega foi morto após reagir à ordem de prisão, como diz a versão oficial divulgada pelas autoridades, ou se foi executado, como alega sua esposa, que já classificou o episódio como queima de arquivo.
A versão de que houve queima de arquivo foi endossada a VEJA pelo advogado de Adriano da Nóbrga, Paulo Emílio Catta Preta.
Segundo Catta Preta, Adriano ligou para ele pela primeira vez na terça, 4, para dizer que temia ser morto como de “queima de arquivo”. O advogado afirma que nunca teve contato direto com o miliciano, mas que, apesar disso, tinha convicção de sua inocência e absolvição. A conversa aconteceu dias após uma operação para prendê-lo na Costa do Sauípe, na Bahia.
“A mulher dele, Julia, me contou que policiais apontaram armas para as filhas do casal, de 17 e 7 anos, durante essa operação. Depois, o Adriano me ligou e afirmou que não adiantaria se entregar porque ninguém queria sua prisão, e sim sua morte”, disse o advogado a VEJA.
Flávio Bolsonaro
Em seu perfil oficial no Twitter, o senador Flávio Bolsonaro pediu “às autoridades competentes” que impedissem a cremação. “Acaba de chegar a meu conhecimento que há pessoas acelerando a cremação de Adriano da Nóbrega para sumir com as evidências de que ele foi brutalmente assassinado na Bahia. Rogo às autoridades competentes que impeçam isso e elucidem o que de fato houve”, diz a publicação.