A humanidade deve valorizar mais as relações e o contato com o ar livre
O mundo jaz em uma pandemia nunca vista pelas gerações que conhecemos. Por mais que tenhamos passado por epidemias, as doenças se concentraram de forma isolada em meio à uma área delimitada. Vimos uma letalidade inimaginável com o ebola, que causou comoção como quando surgiu a AIDS nos anos 80, mas foi isolada em tempo à não gerar um pânico à nível global. Agora, há quase quatro meses, enfrentamos o coronavírus; doença infecciosa altamente transmissível que se assemelha à uma gripe forte, ainda misteriosa em muitos aspectos, por mais que o planeta esteja dando sinais cada vez mais fortes de ter encontrado anticorpos capazes de gerarem uma vacina eficiente.
De norte a sul, do atlântico ao pacífico; o mundo entrou em quarentena para conter a doença que assola e modifica nossas vidas: a saudade dos amigos e familiares, o isolamento, a falta das caminhadas e idas à praia; após esses mais de cem dias tem sido sentidos de forma abrupta e cansativa no dia a dia. Para passar o tempo, as pessoas passaram a ler mais, estudar, ver filmes e, principalmente, se divertir de diferentes formas através da internet, vendo vídeos no YouTube, filmes e séries na Netflix, jogando na Steam ou em sites de cassinos online. Alguns, mais práticos, conseguem aproveitar o tempo livre também para fazer bons negócios, comprando produtos em oferta ou participando de leilões na internet.
O povo brasileiro com certeza é um dos que mais está sentindo os efeitos, sentindo também mais falta de sair de casa (50%), da liberdade (47%) e das interações sociais. Ou seja, o enclausuramento tem afetado a enorme maioria. Com isso, as atividades se dividiram entre o escapismo e o crescimento pessoal: 48% estão dormindo mais, 44% estão lendo mais, 43% estão focando no desenvolvimento pessoal e 36% estão evitando os noticiários.
Já estamos esgotados das reuniões online, de só colocarmos as pontas dos pés para fora tentando absorver o sol, dos deliverys de comida e do aperto no peito que sentimos cada vez que não podemos abraçar quem amamos. Por mais que o sociólogo contemporâneo Zygmund Bauman articule a favor de uma sociedade líquida com relações efêmeras, ainda destaca a necessidade que temos em manter estes contatos sociais que vão além do vínculo encontrado por trás das telas dos eletrônicos. E dessas relações sentimos cada vez mais falta.
Pensemos que já passamos pelo pior, afinal de contas, se voltarmos um mês no calendário a contagem dos dias para uma possível vacina ainda pareceria impensável e hoje, a esperança que deixemos 2020 para trás respirando novos ares sem medo do coronavírus parece cada vez mais palpável e próxima. Os cientistas já anunciaram que a vacina está em sua fase final de testes, e que sim podemos sonhar com um feliz natal.
Mas o que as pessoas realmente vão fazer quando a quarentena acabar? Sem dúvida o topo da lista é ocupado com visitas à família, amigos, idas à eventos sociais, comemorações e interações que vão buscar recuperar o tempo perdido e tentar o mais rápido possível retornar nossas vidas à normalidade.
Mas após o primeiro momento de euforia, vamos pouco a pouco voltando às nossas rotinas e começaremos a desfrutar dos antigos prazeres, dos pequenos momentos que pareciam insignificantes, mas que tomam enormes partes dos nossos sonhos enquanto enfrentamos essa batalha.
Poder voltar às atividades ao ar livre com certeza entra também no top 3 de quase todas as pessoas; como ir à parques, praia, praças quando e como desejar. Arrisco a dizer que talvez muitos abram mão do carro em alguns dias da semana para percorrerem seus trajetos de uma forma mais livre, andar de bicicleta ou skate; tudo para poder respirar fundo e sentir o ar mais do que nunca.
Aprendemos a lidar com nossos próprios pensamentos, e a mensurar a falta que ter gente em volta da gente faz realmente a diferença. Além de que possamos sair de casa e viver a vida de forma livre, a grande esperança está em que o aprendizado que podemos tirar desta quarentena seja visto nos próximos dias da humanidade.
A maior empatia, o cuidado com a natureza (que mais do que nunca admiramos durante a pandemia, vendo-a renascer em pontos que por muitas vezes pensamos que estavam perdidos), a conscientização em como podemos ser úteis e ao valor que damos à vidas que chegamos questionar por vezes se faziam sentido. Respirar profundamente nos libertará do sentimento de prisão, nos fará sanar nossas necessidades e nos colocará ainda mais fortes para o próximo desafio; mas principalmente, que estes dias de solidão nos façam enxergar e batalhar de fato por um futuro diferente, onde nações, natureza e nós convivamos em harmonia.
Por Stefanie Duarte – agência digital emarket