Dominados pela violência, moradores abandonam casas na Bahia

Dominados pela violência, moradores da localidade conhecida como Paz e Vida, em Salvador, na Bahia, onde ocorreu os assassinatos dos quatro motoristas por aplicativo, estão deixando a região cinco dias após o crime. A localidade que fica entre os bairros de Santo Inácio e Mata Escura está vazia e é difícil encontrar moradores circulando na rua.

Os moradores estão com medo, dizem que não conseguem dormir e, com isso, aos poucos, as casas são abandonadas. “Tem sido dias de pânico. A gente não consegue dormir, fica com medo de noite. De dia ainda dá para levar, mas de noite, não tem como”, disse uma moradora.

Moradores de comunidade baiana abandonam casas

Retirando a geladeira da casa para fazer a mudança, um morador disse que decidiu sair após o crime pois está preocupado com a violência que os filhos podem sofrer.

“Como é que não vai embora com o que aconteceu aqui? Aqui tem muita gente inocente que não pode pagar no lugar dos outros. A gente está aí na batalha. Muitos não têm casa, muitos estão sofrendo porque não têm para onde ir e a gente está aqui nessa batalha. Não tenho lugar para ir ainda, tenho quatro filhos e vou batalhar para achar um teto para eles”, disse um morador.

O homem relatou ainda que houve ameaça de que colocariam fogo no local. “Ninguém sabe de onde vem essa informação, está circulando”, disse

Quem também está preocupado com as filhas é outro morador. Ele disse que reside na comunidade Paz e Vida há sete anos, mas diante dos crimes está com medo de permanecer no local.

“Estou indo embora, tenho cinco filhas, não pode ficar aqui não. Tenho que ir embora. Vou para São Caetano ficar perto da sogra que está melhor do que aqui”, disse.

Uma senhora que ainda está no local disse que está em busca do dinheiro para pagar um carreto e por isso ainda não deixou a comunidade.

“Eu vou para a casa do meu cunhado em Marechal Rondon, mas nesse momento ele não tem dinheiro para me dar, meu gás acabou e eu estou aqui pedindo misericórdia”, disse

Dos poucos moradores que ainda restam, a maior dificuldade é conseguir dinheiro para pagar o aluguel em outro lugar.

“Não dá para pagar aluguel. Ou a gente compra as coisas para colocar dentro de casa ou a gente paga o aluguel. A vontade é ir embora, mas a gente não tem esse recurso. Algumas pessoas foram na agonia e não sabem nem o que vão fazer”, concluiu uma jovem.

Investigações
Na terça-feira (17), durante uma inauguração de Centro de Atenção Psicossocial (Caps), o governador da Bahia, Rui Costa, contou que os crimes contra os motoristas foram ordenados por um traficante, após a mãe dele ter uma corrida cancelada.

A Polícia Civil informou que essa é uma das hipóteses levantadas pelas investigações, mas que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ainda está em fase de conclusão das apurações.

Na segunda-feira (16), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que o suspeito de ser mandante da chacina, identificado como Jeferson Palmeira Soares Santos, foi encontrado morto na BA-525. O corpo dele tinha marcas de tiros, e as mãos e o pescoço estavam amarrados.

A chacina aconteceu na manhã de sexta-feira (13), na Rua do Nepal, no bairro do Jardim Santo Inácio, onde foram encontrados os corpos dos quatro motoristas enrolados em lonas de plástico. Três carros que seriam dos motoristas foram localizados no bairro. Outro veículo foi achado no pedágio da cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.

No mesmo dia do crime, outros dois suspeitos morreram em confronto com policiais militares, em Lauro de Freitas, região metropolitana da capital.

Fonte: G1/BA

Gabriel Araújo: Jornalista, produtor de conteúdo digital, especialista em servidores Linux e Wordpress. Escreve sobre Carros, política, Esportes, Economia, Tecnologia, Ciência e Energias Renováveis.