EDITORIAL ANO II NUMERO 71 – JANELA PARTIDÁRIA… QUEM DÁ MAIS?

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EDITORIAL ANO II NUMERO 71 – JANELA PARTIDÁRIA… QUEM DÁ MAIS?

Talvez numa imitação da prática existente no futebol europeu em cujas Ligas existem prazos com dia e hora preestabelecidos para admitir a transferência de jogadores entre os seus clubes filiados, chamada de “janela”, aqui a Lei Orgânica dos Partidos Políticos estabeleceu que, quando faltarem exatamente seis meses para as eleições de outubro, entrará em vigor o mercado de transferências de deputados e senadores no Brasil. Os partidos querem ampliar as suas bancadas, porque isso traduz-se em mais fundos partidários eleitorais e mais tempo no horário político, conforme o número de parlamentares que um Partido detém. O período que permite a troca, denominado “janela partidária”, começou no dia 8 de março e foi até 6 de abril último. Chamam isso de janela, mas, na verdade, é uma verdadeira porta larga, bem aberta, onde interesses e interesseiros se esbaldam com a possibilidade de dar um salto maior que a perna.

Ainda que algumas condições limitadoras tenham sido fixadas na lei em respeito à fidelidade partidária, é perceptível que para atender o interesse maior de fortalecimento do seu poder de representação, o partido entenda que vale pagar muito bem pelo passe desse atleta legislativo. Deprime e envergonha saber que circulou amplo comentário no Congresso Nacional de que a cotação para transferência de um Deputado girou em torno de 3,00 milhões de reais pelo PP-Partido Progressista, PR-Partido da República e PTB-Partido Trabalhista Brasileiro, e numa faixa mais abaixo, de até 2.1 milhões de reais, pelo MDB-Movimento Democrático Brasileiro! Ou seja, só faltou colocarem na testa o aviso de quem dá mais…? Alguém duvida de que são capazes?

Imaginar a composição de Partidos que são responsáveis por aprovar as Leis que regem o país, constituída através de um sistema espúrio de recrutamento de políticos que foram eleitos sem qualquer comprometimento ou fidelidade ao voto dos eleitores que os elegeram é, no mínimo, um desrespeito repugnante! Pior de tudo isso é o fato desses partidos citados, entre outros mais, ocuparem espaço relevante no espectro da corrupção que envergonha a nação, para não falar dos seus dirigentes que escaparam da prisão na última semana somente por estarem protegidos pelo contestado foro privilegiado.

Em todo esse processo sujo e anárquico, calcula-se que foram gastos um montante de 2,9 bilhões de reais, recursos dos Fundos Eleitoral e Partidário que, traduzido corretamente, significa dinheiro público transferido aos partidos e criminosamente administrado pelos seus “donos”, na compra imoral dos votos dos vendidos, os quais irão aprovar as leis de conveniência aos negócios daqueles que lhes pagam propinas. Palavras de um Deputado Federal: “Deputado virou mesmo jogador de futebol, tem passe e tudo, quem der mais leva”. Que tal uma CPI para investigar esse mercado persa, onde todos dançam para todo lado? Porém, sabe quantas vezes eles farão isso? Nenhuma!

Se essa faculdade do parlamentar migrar de partido não pode ser extinta por atender um interesse corporativo, e até para evitar o encarceramento permanente na mesma legenda, que seja o prazo ampliado para UM ANO ANTES DA PRÓXIMA ELEIÇÃO, visando reduzir o mercantilismo inconsequente, estimulado pelo prazo fixado muito próximo do pleito. Algo sério tem de ser pensado, urgentemente, com o objetivo de moralizar um Poder Legislativo que é indispensável ao Sistema Democrático, mas que se acha descaracterizado e anarquizado pela conduta ignóbil da maioria dos seus membros, salvo raríssimas e dignas exceções.

Apesar do sentimento de descrença e angústia predominante no Brasil de hoje, prefiro acreditar que o cidadão brasileiro assumirá uma postura consciente de não votar na próxima eleição, em outubro do corrente ano, em qualquer candidato a Deputado Federal, Deputados Estaduais, Senadores, Governadores e Presidente da República, que tenha sido condenado ou esteja sendo investigado pela Operação Lava Jato. Essa postura desafiadora do eleitor por ser uma forma de se iniciar o processo de expurgo da vida pública desses indignos que envergonham o país e usurpam da forma mais indecente o povo brasileiro, balançando a cumbuca e perguntando: QUEM DÁ MAIS… QUEM DÁ MAIS?

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador-BA.

                       

 Contribuição do:    Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 29/04//2018

Comentários

3 Comments on EDITORIAL ANO II NUMERO 71 – JANELA PARTIDÁRIA… QUEM DÁ MAIS?

  1. FLÁVIO MENDONÇA.’. // 29 de Abril de 2018 em 09:45 // Responder

    Mais uma vez você trás à tona uma verdadeira manobra dos políticos que nos envergonha como brasileiros, trabalhadores honrados, livres e de bons costumes. Como consequência desse comportamento irresponsável e articulado pelos próprios partidos que criaram essa manobra nojenta, cujos atos mesquinhos, estribados nos interesses absolutos de candidatos que não possuem valor humano ou a competência para disputar cargos ou honrarias, tem atingido violentamente a nossa Sociedade Brasileira, como um todo. Inclusive, quando eleitos, praticam injustiça e tomam decisões à revelia do cidadão, jamais ouvido ou respeitado nos seus direitos.

    São procedimentos urdidos em sigilo, sob teto de gabinetes fechados, em voz baixa, na calada da noite, sem contar com a participação de todos os interessados no processo. Incompetentes, usam a força do poder para massacrar e infelicitar o próprio povo que os elegeu.

    Temos que invocar a sua sugestão: POVO ORDEIRO DE NOSSA PÁTRIA JAMAIS VOTE EM CANDIDATOS COM FICHAS SUJAS, NEM TAMPOUCO, EM POLÍTICOS QUE ESTEJAM SOB INVESTIGAÇÃO DE IMPROBIDADES OU POR ENVOLVIMENTO EM CORRUPÇÃO OU QUALQUER OUTRO CRIME PASSÍVEL DE PUNIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. (Manaus-AM).

  2. CARLOS OLÍMPIO // 29 de Abril de 2018 em 09:46 // Responder

    Brilhante o seu artigo, amigo Agenor! Eu chamaria esse troca-troca, de janela da pouca vergonha… até mesmo porque disso eles são desprovidos… caras de pau! Idiota e imbecil é quem ainda vai gastar o seu precioso tempo, para votar nos pilantras, raposas velhas, carcomidas pelas práticas do toma lá, dá cá! Fica o meu ALERTA, lei da Ficha Limpa está vigorando, e quem quiser votar com menos erro, consulte o site da Justiça Eleitoral e escolha um candidato que não esteja envolvido com maracutaias, desvio de conduta, corrupção e outros crimes de lesa pátria e da boa-fé! (Uauá-BA).

  3. Eden Lopes Feldman // 29 de Abril de 2018 em 19:08 // Responder

    Como sempre, Agenor, a atualidade de suas crônicas nos obriga a repensarmos nosso cotidiano político e focarmos em fatos importantes que ficam esquecidos quando terminam o processo. E assim, esta questão da troca partidária, em que está muito bem colocado em sua análise para não votar em candidatos investigados, me despertou um outro sentimento: não seria também a hora de votarmos apenas em novos candidatos para tentar uma renovação? Pelo menos, até estes aprenderem os meandros da corrupção, quem sabe a situação política melhore um pouco. Ou não? FOZ DO IGUAÇU

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