EDITORIAL ANO I NUMERO 56 – “VAMOS ACABAR COM A IMPUNIDADE” (Lula-1989)
Nesse momento de intensa ebulição da vida nacional, muito se reclama de que tudo de ruim que vem acontecendo decorre do fato de existir uma visível predominância do império da impunidade que beneficia os bandidos do “colarinho branco”, convicção com a qual também compartilho. Em filas de Bancos, Loterias, Supermercados, e nas conhecidas e agradáveis rodinhas de aposentados nas praças das cidades, o papo mais frequente que se ouve, principalmente dos mais radicais, é o sentimento reivindicatório exigindo um tratamento de choque para restabelecimento da ordem institucional perdida, e redirecionar o país nos caminhos do respeito, da honestidade e da prosperidade.
Para que esse anseio da população seja atendido, diria que não há necessidade nem espaço para se pensar no indesejável regime de força ou de exceção como pregam muitos, quando o que mais se tem neste país são Leis. O próprio sistema democrático oferece os mecanismos para preservar a integridade das instituições, desde que se queira usá-los. O que vem se tornando evidente é a falta de coragem, determinação e independência por parte de alguns magistrados, em aplicá-las na hora certa. Em meio às dúvidas e incertezas dominantes, de repente o Poder Judiciário Nacional, através do julgamento do recurso pelo TRF-4, em Porto Alegre, resgata no horizonte uma leve perspectiva de confiança de que nem tudo está perdido.
A análise do resultado e suas consequências penais, não oferece ao meu íntimo nenhum prazer mórbido pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário, apenas percebo que aqueles três Desembargadores assumiram a responsabilidade não somente de ratificar o julgamento e a condenação pelo Juiz Sérgio Moro, da 1ª. Instância, mas, a decisão, talvez não intencional ou proposital, de restabelecer na memória a legitimidade do discurso perdido pelo réu ao longo da sua trajetória política, desde aquela eleição a Presidente, disputada em 1989 – 28 anos atrás! -, e na qual fui seu eleitor, embevecido por aquilo que pregava.
O seu discurso, conquanto de viés populista, trazia uma mensagem tão verdadeira e de aparência tão autêntica naquele tempo, que tomo a liberdade de trazer à memória pequeno trecho de sua entrevista durante a campanha eleitoral, extraída de um vídeo do SBT, e que o leitor pode acessar e tirar as suas próprias conclusões comparativas entre o Lula de ontem e o de hoje:
– WAGNER MONTES: – Lula, se você for eleito Presidente da República, o que pretende mudar de concreto no país?
– LULA: – Vamos provar que você pode tranquilamente colocar corrupto na cadeia; o lugar de ladrão é na cadeia. […] E nós precisamos mudar isso; e vamos mudar isso dando o exemplo; e dando o exemplo significa acabar com a impunidade. […] O pequeno nós sabemos que às vezes roba pra comer, mas o grande roba de sem vergonha e esses nós precisamos colocar na cadeia e é assim que a gente vai mudar; o Brasil vai”.
Percebe-se que há uma distância abissal entre o pensamento ideológico do candidato de 1989 e a realidade do que veio à tona durante as investigações da Lava Jato nos últimos três anos, quanto a irregularidades sob o seu comando direto ou indireto, seja por envolvimento pessoal ou pela permissividade aos crimes e falcatruas cometidos por quase 100% dos membros mais influentes de sua equipe e até pelos aliados, no governo e nas empresas estatais, sem falar num tal de Mensalão. Nem mesmo o Banco do Brasil, referência nacional em 209 anos de existência, escapou da voraz influência perniciosa desse projeto criminoso, ao ponto do seu ex-presidente Aldemir Bendini (também ex-presidente da Petrobrás) ainda se encontrar preso por corrupção, depois de uma carreira iniciada aos 15 anos de idade, como Menor Estagiário!
O consolo da grande maioria de simpatizantes em repetir exaustivamente as conquistas do seu governo, que as reconheço como avanços altamente positivos, é inaceitável como justificativa para ocultar todo o lamaçal acobertado vergonhosamente.
Analisar um cenário torpe como este não me dá prazer, mas muita vergonha! Sou constrangido, contudo, a dizer ao leitor que prefiro ficar com a mensagem do LULA DE ONTEM e repetir as suas palavras ditas com grande ênfase: “VAMOS MUDAR ISSO DANDO O EXEMPLO; E DANDO O EXEMPLO SIGNIFICA ACABAR COM A IMPUNIDADE”! E é isso o que os Juízes Federais estão tentando fazer!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Vitória-ES).
Contribuição do:Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 28/01/2018
COLABORAÇÃO E COMPLEMENTOS DE:
José Deusimar Loiola Gonçalves-
Técnico em Agropecuária(Assistente Técnico de Desenvolvimento Rural-FLEM-BAHIATER-Governo do Estado); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas ; Licenciado em Biologia e Pós Graduado Em Gestão e Educação Ambiental(Apicultor e Meliponicultor).
Fones de contato: 75- 99998-0025( Vivo-Wast App); 75- 99131-0784(Tim-Wast App)
O Tema desta corajosa cronica descreve com habilidade um componente fundamental da democracia: a igualdade de todos perante a lei. E como sempre você soube dosar a realidade com a análise de forma contundente, Agenor. Sem margens para questionamentos. E o que ficou mais triste desta situação, sem vitoriosos ou perdedores, é que os seguidores desta figura pública se decepcionaram pela forma com que o poder o corrompeu. Mas da decepção deve surgir um novo comportamento. Precisamos reunir novamente o Brasil, sem o “nós e eles”. E sem falsos ídolos. FOZ DO IGUAÇU-PR
Prezado Agenor, bom dia!
Parabéns!
O momento atual permitiu que você transcrevesse em poucas linhas um cenário que muitos conhecem porem, poucos compreendem.
Mesmo que me esforçasse, tive dificuldade (e continuo tendo) de fazer este comentário sobre o que pode vir acontecer depois deste julgamento, pois nos bastidores, tudo converge para que tenhamos novidades, principalmente com as decisões que o STF tenha que ratificar no momento que for obrigado a opinar.
Segundo a legislação vigente, o resultado do julgamento é definitivo e não pode ser reformado, porem, a forma que será aplicada é que pode ser diferente, já que se fala em rever o conceito de prisão de réus julgados em primeira e segunda instancia, e, dependendo do “andar da carruagem”, já existe ministro disposto a reformular e mudar o seu voto, que na época teve o placar de 6×5, o que cai por terra aplicabilidade da lei da ficha limpa.
Vamos aguardar o desenrolar dos próximos capítulos desta novela.
Florisvaldo F. dos Santos
Caro Agenor, como sempre voce escreve e descreve os fatos de uma forma que a população entende.
Parabens.
Natanael Ferreira de Souza