(Boi da JBS, assustado, verificando se está sendo seguido pela PF)

A estarrecedora e desprezível realidade que atormenta o país, mergulhado no lamaçal movediço sem fim da corrupção, só alimenta a descrença e deixa o cidadão brasileiro cada vez mais indignado diante de cada nova revelação. Quando se pensava que a Odebrecht parecia ter oferecido uma síntese a tanta sujeira, e que a normalidade institucional finalmente apareceria numa tênue luz no final do túnel, eis que uma imundície ainda maior surgiu no negro horizonte nacional, com características de maldade e pouca vergonha, mais enfáticas do que tudo que se viu até agora, configuradas no desempenho criminoso de uma dupla que vai entrar para a história como JOE & WES “SAFADÕES”!

Difícil é acreditar que dois jovens empresários com extraordinário “feeling” para o empreendedorismo econômico, que herdaram do pai essa vocação para o investimento industrial, tornando-se o Grupo o maior produtor mundial de carne bovina, ovina e de aves, além de ocupar o posto de maior exportador do mundo de proteína animal, tenham sido capazes de envolvimento em tantas e tão ardilosas manobras, maculando uma imagem conquistada, certamente, com muito trabalho. Obviamente que somente uma grande visão de negócios e boa determinação não se cresce com a velocidade que cresceram se, em paralelo, recursos subsidiados do Estado via BNDES (oito bilhões de reais!), e assalto aos Fundos de Pensão (FUNCEF, PETRUS, POSTALIS e PREVI) não tivessem migrado bilhões e bilhões de reais não só para os investimentos, mas, sobretudo, para alimentar a fome insaciável de dinheiro desses canalhas corruptos que ocupam ou cercam com voracidade os cargos no poder público!

Surpreende e irrita a todos que assistem aos noticiários televisivos, vê as feições tranquilas e serenas dos “Irmãos Safadões” durante os depoimentos no “Acordo de Leniência”, conscientes de que foram espertos em se anteciparem nas delações ao Ministério Público, antes que fossem presos. A malandra iniciativa permitiu-lhes negociar vantagens para impor as suas próprias condições com o fim de assegurar a impunidade e privilégios especiais que outros não tiveram, como evitar a prisão, tornozeleira eletrônica e livre trânsito para curtir residência de luxo em Nova York! Estão achando muito? Tem mais: o Ministério Público disponibilizou policiais, técnicos e equipamentos para que os delatores construíssem as filmagens e escutas necessárias aos flagrantes para incriminar os seus interlocutores, intituladas de “Ações Controladas”, de cujos parceiros agora traídos durante muito tempo extraíram os benefícios para o Grupo JBS! E ainda: o Ministério determinou que paguem multa de onze bilhões de reais em 20 anos de prazo e só querem recolher um bilhão e quatrocentos milhões! Será que estão com os cangotes em pé…?

Não importa os nomes dos políticos envolvidos porque, embora redundante, devo repetir o que já disse aqui em crônicas anteriores: SÃO TODOS FARINHA DO MESMO SACO! Mas, imaginar que os delatores por estarem no controle da situação e conscientes de que iriam implantar uma crise política e econômica sem precedentes, anteciparam a venda de ações do Grupo na Bolsa no que lucraram centenas de milhões de reais, e compraram um bilhão de dólares em moeda, o equivalente a três bilhões e cem milhões de reais…! Foram desonestos e bandidos, porque criaram um cenário que trouxe grandes prejuízos ao país, mas certos de que, mais uma vez, ganhariam muito dinheiro! Naturalmente que essas concessões e vantagens tiveram o condão de implantar no consciente das pessoas tremendos questionamentos sobre as verdades ocultas nessa operação solidária, cujos objetivos reais a sociedade espera ansiosa uma resposta.

Quanto aos políticos de ontem e de hoje, nota-se que continuam os mesmos e a prioridade para eles não é o Brasil. Impossível se imaginar que o Presidente da República, como Chefe de Estado, mantenha íntima relação com um empresário propineiro de muitos anos, mantenha encontros na calada da noite e desconheça que o mesmo vinha sendo investigado desde 2016 pela Operação Greenfield da Polícia Federal, e “QUE NÃO SABIA”! Aliás, será que é o cargo que provoca esse tipo de amnésia?

Ainda não se tem uma dimensão das graves consequências políticas que poderão ocorrer no país em decorrência desse episódio JBS, mas já se percebe que uma repugnante lição negativa poderá ser passada à posteridade: a convicção de que há momentos QUANDO O CRIME COMPENSA…!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

Contribuição do:Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 28/01/2017

COLABORAÇÃO E COMPLEMENTOS DE:

José Deusimar Loiola Gonçalves