Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora.
(Autor: São Beda, monge inglês, século VIII).
Um amigo assistia comigo ao noticiário da televisão, no qual desfilava um rosário de tristes notícias sobre os fatos que vieram ao conhecimento público somente após as eleições presidenciais de 2014, e que mais parecia a eclosão de uma repentina erupção vulcânica no Brasil. Cada bloco daquele jornal ou em outro canal alternativo, nada mudava, nada era diferente. Era “Operação Lava Jato; prisão do empresário Benedito Rodrigues, o Bené, em Minas Gerais, por operações suspeitas com o PT desde 2005, envolvendo apenas 525 milhões de reais, inclusive na eleição ao governo de Fernando Pimentel (PT-MG); aprovação de ajuste fiscal; cortes de verbas para a saúde, educação e obras públicas; queda do PIB nacional; nomeações para cargos no segundo e terceiro escalões para influenciar votação no Congresso; e tantos outros rombos na economia” – que atingiram diretamente o bolso do contribuinte -, todos foram religiosamente mantidos ocultos até a apuração final dos votos… Após o dia 3 de outubro outro Brasil ressurgia das cinzas da enganação.
Todo esse cenário fétido foi resultante da vontade de continuar um projeto político-partidário, destinado a vencer a qualquer custo, alimentado por um impressionante universo de mentiras e números enganadores. Somente agora é que o povo saiu daquele estado de êxtase momentâneo e entendeu porque a candidata à reeleição mais falava do programa político do adversário e quase nunca do seu próprio programa, que parecia não existir. As principais medidas que hoje estão sendo adotadas para o ajuste fiscal se constituíram peça acusatória que recheava todos os seus discursos contra o oponente durante a campanha, nos debates ou nos horários políticos gratuitos, tais como elevação da taxa de juros, aumento do desemprego, crescimento da inflação, alta do custo de vida, desvalorização da moeda, e por aí vai ladeira abaixo…
Então, diante de tudo que ouvia, o meu amigo externou uma frase legítima referindo-se ao candidato derrotado na Eleição Presidencial de 2014: “Esse cabra escapou de uma fria”! E nada disse que não fosse uma verdade insofismável. Ele passou a ideia de que se a oposição tivesse vencido o pleito, assim que esses problemas econômicos explodissem nas mãos do novo governo e o novo presidente fosse obrigado a adotar essas medidas que hoje estão sendo necessárias – mas não defendidas pelo próprio PT -, estaria acontecendo simplesmente tudo que é o desejo do Lula para pavimentar sua pretensa volta sem maiores dificuldades em 2018: 1) permitiria o ressurgimento do PT do estado de esquecimento a que teria sido jogado após a derrota; 2) e se apresentaria ele como o salvador da pátria para resgatar o país das mãos dos “coxinhas” que teriam levado o país a viver uma nova catástrofe econômica na sua história, a qual foi por eles silenciosamente construída!
Como ninguém podia imaginar que o país vivenciou uma gestão incompetente no primeiro mandato, e que o levou a afundar numa areia movediça de graves consequências, logo a reflexão sobre a frase objeto do desabafo do meu amigo conduzia à sensação de que o derrotado podia se considerar um vencedor moral. Ora, diante da conjuntura criada por ações de gestão tão comprometedoras, só resta dizer que “quem pariu Mateus que balance o berço”, mas, por favor, não penalisem cada vez mais a classe trabalhadora desse país!
Como nem sempre tudo está perdido, e parecendo querer provar o dito popular de que “Deus é brasileiro”, eis que surge, do nada no horizonte, uma esperança de que o país possa voltar a investir em projetos produtivos, mediante parceria sinalizada com a China, uma das economias mais sólidas do mundo, na atualidade, através da injeção de 53,0 bilhões de dólares. A visita recente do Primeiro Ministro Li Keqiang produziu a assinatura de 35 projetos diversos, onde a grande prioridade será a construção da rodovia Transoceânica ligando o Atlântico ao Pacífico, atravessando Brasil e Perú. Como é possível entender que, justamente na triste fase de total descrédito que o Brasil atravessa, com a economia fragiilizada em todos os sentidos, caia do céu uma China cheia de dólares para o socorro que a nossa economia precisa…! Haveria algo “de podre no reino da Dinamarca” (romance HAMLET, de Shakespeare) ou alguém está realizando “um verdadeiro negócio da China”?
Gostaria de não estar dominado por esses sentimentos de dúvidas e incertezas, mas todos temos os maiores motivos para isso. Não tenho um cadastramento de todas as grandes empresas nacionais, principalmente na área de execução dos grandes empreendimentos, como é o caso da rodovia Transoceânica, mas, espera-se que nem todos os empresários notáveis estejam presos ou impedidos de realizar as obras de grande porte sonhadas nesse projeto, sob as bênçãos monetárias dessa potência asiática.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.