Nenhum outro período festivo ao longo do ano tem o brilho e as características de aconchego e envolvimento como o Natal e o Ano Novo. É como se o Divino brindasse a humanidade com um mês especial para compensar todas as lutas e preocupações vivenciadas nos onze meses passados. É uma pena que um mês tão iluminado e alto astral, passe tão rápido…!
Dezembro acende mais do que lâmpadas. Acende expectativas. As ruas. praças e árvores bastante iluminadas e brilhantes, parecem disputar beleza com o céu estrelado. Basta o calendário virar que o cidadão brasileiro se sente inspirado a iluminar tudo, desde a casa, o humor e, se possível, a vida inteira – mesmo que o ano tenha sido escuro por vários motivos.
As luzes piscam nas janelas trazendo uma mensagem de resistência. Não importa se a pintura das paredes descascou, se o sofá já teve dias melhores ou se a geladeira faz um ruído indicativo de que vai estragar a festa: o pisca-pisca cumpre sua função simbólica. Ele avisa ao mundo que ali ainda mora alguém disposto a celebrar a vida, nem que seja por teimosia. Ou mais que isso, nem que seja pela força interior que move aquela vida!
Outra forte simbologia: enquanto as cidades se enchem de luzes temporárias, muitos seguem tentando acender as suas próprias – aquelas invisíveis, do seu íntimo interior, que não dependem de tomadas. É a luz da esperança, que insiste em brilhar mesmo quando o país atravessa momentos difíceis; é a luz do reencontro familiar, que volta a acender laços às vezes apagados pela correria do ano; é a luz da promessa de um recomeço, o famoso “no ano que vem, eu…” Ou ainda, aquela fé de que no próximo ano tudo será diferente.
É curioso como o brasileiro negocia com o próprio orçamento em dezembro. A lógica muda. O rigor se afrouxa. Gastos que seriam impensáveis em outros meses ganham justificativas emocionais: “É Natal”, “As crianças merecem”, “Depois a gente vê”. Depois, claro, virá janeiro, mês conhecido por exibir a realidade dos custos das festas de Natal e Ano-Novo! Mas, nada importa; o que importa mesmo é a felicidade vivida, que não tem preço ou valor!
Mas, ainda assim, as luzes permanecem acesas. Porque não se trata apenas de enfeite. Trata-se de ritual. De fingir, por alguns dias, que o peso do ano pode ser suavizado por um pouco de brilho. Que dificuldades podem ser disfarçadas com cores quentes. Que a vida, apesar dos sustos, ainda permite algum encantamento.
Em muitas casas, o Natal não vem com luxo, mas com improviso. Uma extensão emprestada, um pisca reaproveitado, uma lâmpada que pisca mais do que deveria. Há beleza nisso. Beleza discreta, brasileira, feita de adaptação e esperança econômica parcelada.
A verdade é que o Natal vai passando, e as luzes, pouco a pouco, começam a se apagar. Fica o desejo de que algo desse brilho não se perca com a chegada de janeiro. Que a esperança ensaiada em dezembro encontre espaço nos gestos cotidianos, nas escolhas simples e na forma como cada um se relaciona com o outro e com o país. Se ao menos uma dessas luzes – invisível, silenciosa – continuar acesa, talvez já seja um começo de um novo tempo. Feliz Natal! Bem-vindo 2026!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil-Salvador-BA. –
NOTA DO AUTOR: Quero agradecer aos amigos e leitores que muito me honraram com a sua leitura ao longo de 2025 e desejar que 2026 seja um ano feliz, com paz, saúde e prosperidade em suas vidas. Ao Editor Florisvaldo Ferreira dos Santos, que acolhe a crônica no Editorial do seu Blog Portal de Notícias, votos de continuado sucesso: https://portaldenoticias.net/ffsantos/
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