É grande o desencanto em que vive toda a sociedade brasileira diante do baixíssimo nível de moralidade de que se reveste o comportamento das pessoas, com maior evidência nas atitudes dos principais atores que atuam nas instituições públicas em geral, desde os agentes menos expressivos às arraias graúdas. Diante desse cenário, a população ordeira vive, ansiosa e permanentemente, na expectativa de que uma luz seja acesa no final do túnel, indicando que tudo isso é temporário e de que algo de novo irá acontecer nesse deplorável universo de sujeiras e falcatruas.

Naturalmente que isso não surgirá do nada, sem que haja uma ação firme de alguma liderança comprometida com essas transformações, não importa se de formação política, religiosa ou cultural, mas que tenha o poder do convencimento na implantação de uma nova estrutura de conceitos de moralidade do homem. A evidência clara e insofismável, é que precisamos recomeçar todo o processo de formação do nosso caráter, de modo que surja uma nova sociedade, constituída de homens de bem e de respeito. Parece quase impossível, mas se faz necessária uma intervenção no comportamento da banda podre existente nos quadros políticos desse País.

Diante de uma Nação doente e que clama todas as madrugadas nas filas por um melhor atendimento nos Hospitais e Unidades da Saúde; das estatísticas que registram baixos índices na qualidade da educação de nossas crianças e jovens; de uma segurança precária e com elevados registros de crimes nas principais cidades do País; além da existência de milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza, é revoltante saber que bilhões de reais arrecadados pelos nossos impostos são surrupiados pelos corruptos deste país, sem dó nem piedade!

Lamentavelmente as nossas lideranças têm nos passado um sentimento de cômoda aceitação desse perfil vigente. Por exemplo, nos tempos da Presidente Dilma Rousseff, na ânsia de se defender do mar de lama que vinha dando notoriedade negativa ao seu governo, usou uma expressão para justificar que toda essa sujeira é muito antiga, quando afirmou: “A corrupção não nasceu hoje. Ela é uma senhora bastante idosa neste país e não poupa ninguém”. Além dela não ter dito nenhuma novidade sobre essa herança maldita, apenas tornou clara certa dose de comodidade e resignação.

A televisão e as redes sociais noticiaram ao longo da semana, que o Brasil ficou na 107ª posição na edição de 2024 do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional, empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia. É a pior colocação na série histórica, iniciada em 2012. Um dos fatores citados no Relatório da entidade lançado junto com o ranking, e que justificavam o decréscimo da nota do País ”se deveu ao silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a pauta anticorrupção”. Desde 1995, o IPC avalia 180 países e territórios e atribui notas entre 0 e 100 para medir o nível de integridade das nações com base em dados que trazem a percepção de acadêmicos, juristas, empresários e especialistas acerca do nível de corrupção no setor público.

Ora, depois do descrédito com o desmonte total da “OPERAÇÃO LAVA JATO”, em que mesmo alguns condenados tendo devolvido milhões de reais aos cofres públicos – há melhor prova e reconhecimento do crime! -, várias decisões dos Tribunais Superiores, algumas monocráticas, anularam condenações sob a tese de falta de provas! Outros foram beneficiados com a anulação dos processos, sob a ótica míope de que a 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba era incompetente para julgar os processos… Tudo isso, depois de anos das Ações Judiciais em curso e alguns condenados presos, chega a ser hilário!

Vamos continuar alimentando o sonho de que a tragédia da impunidade até aqui vigente, seja extinta deste País um dia, e assim ficaremos livres da PRAGA ETERNA DA CORRUPÇÃO.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.

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