EDITORIAL ANO IX NÚMERO 336 – UM FAROESTE PARLAMENTAR

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Cena da tragédia que resultou na morte do Senador José Kairala, em 1963

É comum se ouvir entre as pessoas, com muita frequência, um tipo de comentário que parece ser a síntese de uma concordância diante da ocorrência dos fatos do dia a dia: “como os tempos mudaram”! A expressão justifica muitos acontecimentos, principalmente aqueles decorrentes do processo de evolução tecnológica que, efetivamente, impressiona e impacta pela grandiosidade dos avanços que apresentam.

Contudo, em meio a todo esse universo de maravilhas que mexem com as nossas emoções, algum detalhe sempre ocorre que quebra o sentido de unanimidade das coisas. O mais surpreendente é que exatamente o ser humano que é o responsável por tantas e tão extraordinárias mudanças, é o principal responsável pelo lado negativo que infelicita e envergonha a tanta gente.

As tragédias criminosas ocorridas em escolas, tem trazido dor incomensurável e uma permanente preocupação para os pais, os professores e alunos, porque não dizer para a própria sociedade, diante do grau de absurda violência de que se reveste esse tipo de crime.

Dentre tantos outros maus exemplos, há um que pela natureza de sua origem, fere os nossos sentimentos ter de desenvolver uma reflexão sobre ele. Reporto-me a históricos e repetidos atos de violência ocorridos no CONGRESSO NACIONAL!

Sim, o leitor não leu errado, nem houve falha de digitação. Nem tão pouco estou me referindo a debates verbais contundentes na Tribuna ou no Plenário em defesa de teses, que são as atribuições pertinentes ao desempenho da função parlamentar. O que causa repúdio são os exageros e a violência presentes no comportamento de certos Deputados e Senadores, inclusive com o uso de armas, que desqualificam a imagem de um dos importantes Poderes da República.

Vejamos alguns registros negativos que desvirtuam essa história:

1-Em 1929, quando a Câmara Federal ainda era sediada no Rio de Janeiro, Capital do Brasil à época, uma discussão áspera entre os deputados Souza Filho e Simões Lopes, este último, que estava armado, disparou dois tiros contra o Souza Filho, que morreu no local.

2-Em 08/06/1967, o Deputado Estácio Souto Maior, pai do piloto Nelson Piquet deu um tapa no Deputado Nelson Carneiro, que revidou mais tarde, em frente à agência do Banco do Brasil, no salão inferior da Câmara. Com um revólver calibre 38, Nelson Carneiro baleou Estácio Souto Maior, que mesmo atingido pelo tiro, conseguiu revidar o disparo. Não houve morte.

3-Em 4 dezembro de 1963, quase 60 atrás, o Senador Arnon de Melo, pai do ex-presidente e atual Senador Fernando Collor, puxou o gatilho em plena sessão do Senado Federal, na tentativa de atingir o seu desafeto político e pessoal em Alagoas, também Senador, Silvestre Péricles. Era uma conjuntura política tão acirrada, que culminou numa tragédia. Arnon elegeu-se senador em 1963. No dia 4, Arnon de Melo pediu licença para direcionar sua fala “ao nobre senador Silvestre Péricles”, que o teria “ameaçado de morte”. Silvestre gritou: “Canalha! Crápula! Cafajeste!”, foi o momento em que Arnon sacou a arma e efetuou três disparos em plena sessão. Silvestre jogou-se ao chão, puxou a sua arma, mas, o Sen. João Agripino o impediu de atirar. Os tiros atingiram e mataram o Senador José Kairala, do PTB do Acre, que havia sido recentemente empossado como suplente, e sem qualquer envolvimento com a guerra entre eles.

4-Em episódio recente (29/03/23), os Deputados Federais André Janones(Avante-MG) e Alberto Fraga (PL-SE) discutiram durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal. Fraga, ao citar uma ofensa homofóbica que Janones dirigiu ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) na sessão dessa terça (28), e acrescentou: “Não uso chupeta, uso revólver, pistola”. Janones, então, usou sua vez na tribuna para falar que estava sendo ameaçado de morte.

Só falta o uso do cavalo para chegar ao cenário onde se desenvolve, efetivamente, UM FAROESTE PARLAMENTAR, para cujo filme já há atores sobrando, ou seja, só falta a trilha sonora, cujo título deveria ser: Desrespeito ao Povo! Quanto às atitudes violentas, grosseiras e deseducadas de alguns parlamentares, passam distante da polidez do próprio animal citado!

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Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.

Contribuição do:   Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 07/05/2023

COLABORAÇÃO E COMPLEMENTOS DE:

José Deusimar Loiola Gonçalves

Técnico em Agropecuária (Funcionário Publico  Aposentado- Extensionista  do Governo do Estado de nossa linda e extennsa Bahia); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas; Licenciado em Biologia; Pós Graduado Em Gestão Educação Ambiental, e Tecnólogo em Apicultura e Meliponicultura.
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