Publicado em 7 de julho de 2019 por Florisvaldo.
Ainda que certos fatos da vida possam parecer surreais e tenham características bastante pitorescas, eles jamais deixam de acontecer, e assim nos passam o convencimento de que é preciso acreditar em todas as possibilidades. O tempo passa com uma celeridade tão intensa, que muitos registros acumulados tendem a ocupar o espaço do esquecimento da memória de cada um e adormecidos por um longo tempo aguardam o despertar que, subitamente, um dia poderá acontecer.
Assim é que o acontecimento incomum que inspira essa crônica, faz parte da história da agência do BB-Mutuípe-BA, no Vale do Jiquiriçá, onde tive a honra de ser o seu Gerente-Adjunto Instalador, em 1979. Os personagens que fizeram parte dessa história de 40 anos se reuniram na última semana na AABB da cidade para festivamente comemorar, com grande entusiasmo e empolgação, a bela trajetória da agência. Foi uma fantástica festa de confraternização. Entre abraços eufóricos e a emoção do reencontro, os participantes tiveram uma rara oportunidade de recordar, entre brincadeiras e sorrisos, muitos casos e causos ricos de humor e cumplicidade.
Antes de ressuscitar aqui o humorado caso ricamente comentado por um dos colegas da época, é importante lembrar aos leitores de mais idade, e contar para os novos da atualidade, como era a rotina diária de uma agência bancária no interior, naquele tempo. À época as agências funcionavam em prédios pré-moldados e padronizados em todo o país. Passados alguns anos de uso, esses espaços, em algumas cidades, foram doados às Prefeituras, ou porque a agência veio a fechar ou por mudança de local, como ocorreu em Mutuípe. Naquele tempo máquinas de Autoatendimento, como hoje, nem pensar. As pessoas já formavam cedo a fila de espera na porta da Agência e quando esta se abria, logo corriam às pressas em direção aos guichês de Caixa ou ao balcão de atendimento do setor Rural.
A tecnologia ainda não tinha chegado às agências e as contas-correntes ou de empréstimo rural tinham a sua movimentação escriturada em fichas gráficas, no princípio feita à mão e com o advento do progresso, lançada em máquina modelo SHARP BA1000, sucessora da velha NCR. Os clientes que mais movimentavam, e bem relacionados na agência, tinham a intimidade de ter acesso manual às fichas de lançamentos, e assim visualizavam o seu saldo na presença do funcionário que os atendiam, pois eram assim os extratos da época! Às vezes andavam pela agência levando a ficha na mão. Os funcionários eram bem integrados com a comunidade, inclusive participando de “babas” conjuntos no campo da cidade ou futebol de salão na quadra do “Casarão”, de Antônio Vaz, na cidade vizinha de Jiquiriçá. O Gerente-Geral de então apreciava participar de Vaquejadas e nos finais de semana se transformava num legítimo vaqueiro.
Feita essa breve preliminar, vamos ao fato ocorrido. A cidade era ainda pequena e por ter morros à sua volta, a movimentação do gado entre fazendas ou levado para o abate, tinha de acontecer pelas ruas do centro. Num desses momentos em que uma vaca era conduzida para o abate, o animal assustado pelo movimento urbano, fugiu do controle dos vaqueiros e penetrou no interior da agência do BB, em pleno expediente, causando um tremendo alvoroço. Gritos de medo e pavor, clientes e funcionários amedrontados a subirem sobre mesas e balcão, enquanto a vaca escorregava sobre o piso liso e, surpreendentemente, deslizou até a porta do Gerente-Geral! Ela berrava tão forte que parecia querer dizer algo ao gerente da agência. Ou estaria a protestar vingativamente pelo fato do gestor ser um praticante de vaquejada e teria jogado ao solo o seu macho? Mas, o vexame foi contornado com a intervenção hábil do Contínuo Vicente, natural da terra e experimentado em atividades rurais, que arrastou a vaca pelo rabo com a ajuda de outros e assim o expediente voltou à normalidade, em meio a divertidos e variados comentários.
Claro que são ilações e questionamentos provocados pelo inusitado episódio. Mas, não tenham dúvidas de que foi um detalhe que enriqueceu essa memorável e brilhante confraternização.
E assim, até hoje, passados tantos anos, ficamos sem saber a intenção daquela vaca: se era vingativa, ou perdida e assustada com tudo aquilo que estava à sua frente, dentro da agencia!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Contribuição de: Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade.
Colaboração e Complementos de:
José Deusimar Loiola Gonçalves
Técnico em Agropecuária (Assistente Técnico de Desenvolvimento Rural-FLEM-BAHIATER-Governo do Estado); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas; Licenciado em Biologia; Pós Graduado Em Gestão Educação Ambiental e Acadêmico da UNITAU-EAD-Polo de Tucano – Curso Superior de Tecnologia em Apicultura e Meliponicultura.
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