A vida humilde virou inspiração para posts nas redes sociais e, com uma pitada de bom humor para falar sobre as situações do cotidiano, um jovem de 22 anos que mora em uma pequena comunidade rural no município de Serrinha, a cerca de 180 quilômetros de Salvador, passou a bombar na internet. Ficou famoso e contabiliza atualmente mais de 2,6 milhões de seguidores, todos fãs de sua forma irreverente de lidar com o dia a dia.
Claudinei Lima, ou “Ney Lima”, como prefere ser chamado e como hoje é bastante conhecido, já foi catador de lixo, trabalhador doméstico, embalador de compras em supermercado e balconista de padaria, mas descobriu que sua grande vocação mesmo é ser um “humorista” das redes sociais.
Ao mesmo tempo em que fala de si e das pessoas à sua volta, ainda dá conselhos para os seus seguidores sobre como lidar com os “perrengues” da vida.
Inspirado em nomes já consagrados do ramo, como Tirulipa, Whindersson Nunes e Carlinhos Maia, Ney contabiliza 1,5 milhão de seguidores no Facebook, enquanto no Instagram é seguido por mais de 1,1 milhão de pessoas.
“Ser famoso sempre foi um sonho de infância. Sempre quis ficar conhecido por aí. Aí, decidi falar da minha rotina de forma cômica, e passei a tirar um tempinho para gravar os vídeos”
Qualquer situação pode render uma ideia para um novo vídeo, seja algum episódio que tenha ocorrido com ele, com os amigos ou mesmo algum comentário que tenham feito sobre ele no município onde mora ou na internet.
A casa onde vive, sem água encanada ou sistema de esgoto, o mato nos arredores da comunidade, as estradas de terra da região e até mesmo os galhos das árvores ou uma simples caixa d’água podem servir de cenário para as gravações, feitas com um aparelho celular.
“Primeiro, criei um perfil no Instagram para fazer os posts e, depois, criei a página no Facebook, que foi onde as publicações bombaram mais. Eu mostro o meu dia a dia, falo também das coisas que vejo nas ruas, coisas que eu vejo as pessoas passarem na rua”, afirma.
Vida simples
Ney mora sozinho com a mãe na comunidade rural de Fazenda Sucupira. É o único filho de dona Maria de Lourdes, mas tem outros 11 irmãos por parte de pai. “Meu pai se separou dela quando eu tinha 12 anos e, hoje, ele mora na rua. Não tenho muito contato com ele”, conta.
O jovem revela que já enfrentou várias dificuldades com a mãe e que até já passaram fome. Também já diz ter sido alvo de preconceito, por ser homossexual.
“Já vivemos momentos difíceis. Às vezes, faltava comida na mesa e a gente tinha que se virar. A casa, quando chovia, molhava tudo. Aí, nós tinhamos de acordar de madrugada, por causa das goteiras. Além disso, depois dos vídeos, sofri muito preconceito, mas não ligo muito para isso”, afirma.
Antes de trabalhar como “doméstico”, Ney diz que trabalhou, de 2011 a 2013, catando objetos em um lixão de Serrinha. Depois, arrumou um emprego em um supermercado da cidade, na função de embalador de compras. Permaneceu no cargo por dois anos, até 2015.
Depois, foi tentar ganhar a vida em Curitiba, onde surgiu a oportunidade para trabalhar como balconista numa padaria. Morou na cidade paranaense por seis meses e retornou para casa. Foi quando descobriu que poderia ganhar dinheiro como doméstico.
Faturava R$ 400 mensais, que eram somados ao montante que a mãe conseguia juntar fazendo “bicos”. “Ela, quando surgia alguma coisa para fazer, às vezes ganhava uns R$ 200 e, assim, a gente ia vivendo. A renda nunca passou disso”, conta.
Veja mais no G1/BA