Brasileiros dormem em papelões e passam madrugada em filas para tentar sacar auxílio

A busca pelo Auxílio Emergencial de R$ 600 do Governo Federal, liberado durante a pandemia da Covid-19, se transformou em um teste de resistência para as pessoas que tentam resgatar o benefício no RN. Centenas de pessoas madrugaram no entorno da agência de Parnamirim, na Grande Natal, nesta quinta-feira (30).

Pessoas dormem na porta da agência em Parnamirim — Foto: Inter TV Cabugi/Reprodução

Além do Rio Grande do Norte, há registro de filas no Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Ceará, Rondônia, Tocantins e São Paulo. Veja a situação de cada lugar abaixo na reportagem.

Desde a noite anterior, entrando pela madrugada e manhã desta quinta, a população já se concentrava em filas no RN para tentar sacar o auxílio sob frio, calor, fome, sede, chuva, sol e muita espera. Muitos levaram cadeiras, papelões e cobertores para dormirem nas filas enquanto aguardavam a abertura da agência.

Rogério chegou às 19h do dia anterior para tentar receber o benefício — Foto: Inter TV Cabugi/Reprodução

É o caso do catador de latinhas Rogério Luiz da Silva, que trouxe papelões para passar a noite no chão. Ele chegou à unidade às 19h da quarta (29) para tentar receber o dinheiro nesta quinta (30). “Eu vim três vezes com hoje, isso não é bom não. Esse tempo todinho numa fila para não resolver nada”, contou.

Na segunda-feira (27), o saque presencial do auxílio foi liberado nas agências da Caixa e casas lotéricas, desde então, longas filas têm se formado no Rio Grande do Norte. “Choveu e estamos sem comer aqui porque a gente não tem dinheiro para comprar uma água mineral. Isso tudo para receber R$ 600”, contou a auxiliar de serviços gerais Elizângela Santos.

População tentou dormir enquanto esperava atendimento na Caixa de Parnamirim — Foto: Inter TV Cabugi/Reprodução

A dona de casa Maria de Fátima, que pertence ao grupo de risco da Covid-19, chegou à agência de Parnamirim por volta das 3h desta quinta e relatou desânimo ao notar que centenas de pessoas já aguardavam o atendimento há mais tempo.

“Preciso do dinheiro para comprar meus remédios que acabaram. Sou hipertensa, cardíaca e asmática. Estou aqui porque não tenho outra opção”, conta.
“É uma humilhação porque essa ruma de gente todinha aqui e ainda são 3h da manhã. Eu cheguei agora e que horas eu vou ser atendido? Aí tem aquele problema de quando você chega lá precisa de uma nova senha e umas novas letras e você precisa voltar para fila. É uma dificuldade”, diz o pedreiro Jailton Cipriano.

População durante a madrugada em Parnamirim — Foto: Pedro Vitorino

Peregrinação

As filas aumentam pela manhã com as milhares de pessoas que encontram dificuldades para sacar o auxílio. Pessoas do grupo de risco, idosos e alguns clientes do banco que precisam ir à agência para resolverem outros problemas se aglomeram em todo o quarteirão da agência do centro de Parnamirim.

Filas na agência de Parnamirim pela manhã desta quinta — Foto: Ayrton Freire/Inter TV Cabugi

Algumas pessoas ainda estavam sem máscaras e permaneciam próximas umas das outras, o que provoca riscos de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na agência do Alecrim, na Zona Leste de Natal, centenas de pessoas também se aglomeravam em filas.

Centenas de pessoas se aglomeram em filas em frente à Caixa do Alecrim, em Natal — Foto: Luiz Gustavo Ribeiro/Inter TV Cabugi
Gabriel Araújo: Jornalista, produtor de conteúdo digital, especialista em servidores Linux e Wordpress. Escreve sobre Carros, política, Esportes, Economia, Tecnologia, Ciência e Energias Renováveis.