Familiares do médico Andrade Santana Lopes, 32 anos, morador da cidade de Araci, que está desaparecido deste a última segunda-feira (24), chegaram ontem a Feira de Santana, vindos do Acre, e prestaram depoimento no Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho.
A mãe do médico, Domitila Lopes, manteve contato com o filho no último domingo (23). Eles se falaram através do WhatsApp e ficou sabendo que nesse dia ele estava em casa bebendo com amigos.
De acordo com Domitila, o sofrimento ao saber que o filho está desaparecido está sendo muito grande, e desde então, ela não consegue pegar no sono.
“É muito triste, acho que é a última fase de uma mãe ter um filho desaparecido. A dor maior que uma mãe pode estar passando. Estou vivendo pela misericórdia de Deus, mas estou na esperança de que terei ele de volta. No domingo, a gente se falou por mensagem de WhatsApp. Eu só percebi nas mensagens que ele estava bebendo e daí, segundo meu sobrinho, ele estava bebendo em casa com colegas, só que eu não sei informar quem era. Ele tinha muitos amigos bons”, relatou.
Segundo Domitila Lopes, o filho desejava que a mãe viesse do Acre para visitá-lo. “Eu já vim a Feira uma vez, e ele queria comprar a passagem pra eu vir a Feira, mas devido à pandemia e meu esposo ter 73 anos, a gente tinha medo de eu pegar e levar a Covid, por isso eu não estava vindo, mas a gente se falava, ele me mandava corações e dizia que me amava”, disse.
A mãe de Andrade agradeceu ainda ao trabalho de investigação da polícia e o apoio das pessoas que o conheciam aqui na Bahia. E revelou a dor que está sentindo por não saber o paradeiro do filho.
“Estou muito feliz com a atuação da polícia e os amigos, quanto acolhimento das pessoas da Bahia. Muita gente boa que está nos ajudando. Chegamos ontem de viagem, e não durmo desde o dia que eu soube. Quero meu filho de volta, quem estiver com meu filho, por favor devolva. Sou mãe, ninguém sabe a dor que estou passando. Quero meu filho de volta, vivo, do jeito que ele estava. Sofri muito pra criar meu filho, pra ele estudar na Bolívia, foi sofrido, falta de dinheiro, tirar o sereno contando as moedas, e agora que ele estava bem ele era um bom filho, e perguntava o que eu estava precisando. É um filho ótimo, maravilhoso, um amigo amoroso. Não sei o que aconteceu com meu filho”, desabafou.
Segundo a tia do médico, Ivanilda Lopes, a família ficou sabendo do desaparecimento de Andrade através de notícias e mensagens enviadas via WhatsApp por amigos. Ela disse que há quatro anos o sobrinho trabalha em Araci, e fazia apenas um mês que ela manteve contato com ele.
“Faz quase um mês que eu tive contato com ele, mas meu sobrinho e minha sobrinha que já estavam com as passagens compradas pra vir passar o final de semana com ele, tiveram contato com ele no dia anterior. Inclusive, ele tinha mandado dinheiro pra eles trazerem algumas encomendas do Acre pra cá. Ele estava aqui sozinho”, afirmou a tia.
Investigações
O coordenador de Polícia Civil da 1ª Coorpin, delegado Roberto Leal, informou que na tarde de quarta-feira (26), colegas de trabalho do médico foram ouvidos informalmente na delegacia, e hoje foram colhidos os depoimentos dos familiares, que trouxeram informações relevantes ao caso.
“Ainda é muito cedo para se traçar uma linha da real motivação desse crime, não há suspeitos nesse momento ainda. O que já temos, e que já é de conhecimento de todos, é a localização do veículo que era utilizado por Andrade, a constatação da subtração do aparelho celular, os documentos e outros objetos. Então, inicialmente, levamos em consideração a possibilidade de crime contra o patrimônio mediante roubo ou sequestro, e agora estamos aprofundando as investigações. A família também trouxe informações relevantes, que vão ser trabalhadas juntamente com todas as equipes pra que a gente consiga identificar realmente o que houve com Andrade. E colegas da cidade de Araci e da região próxima a Araci também trouxeram informações importantes. Todas serão trabalhadas”, esclareceu o delegado.
Ele reiterou que até o momento não há muitas informações sobre as causas do desaparecimento do médico de Araci, e ressaltou que ainda não há elementos suficientes que levem a polícia a acreditar que ele estaria sofrendo qualquer tipo de ameaça.
“Por enquanto a gente não tem muitas informações sobre ameaça ou outro tipo de ato que pudessem indicar que Andrade tenha sido vítima de vingança. São várias as informações que chegaram à Coorpin, e todas serão trabalhadas. Como é um fato notório, muitas dessas informações estão chegando também aos familiares e aos amigos. Contudo precisamos traçar uma linha correta, não desprezando as informações, mas o excesso delas muitas vezes acaba contribuindo para uma perda de tempo desnecessária e a gente acaba perdendo alguma prova”, destacou Roberto Leal.
Fonte: Acorda Cidade