Administradoras de terminais aéreos nos EUA e na Espanha realizam obras para preservar moradores da poluição sonora causada pelas aeronaves
O forte ruído produzido pela decolagem e pela aterrisagem de aeronaves está levando gestoras de aeroportos a disponibilizar isolamento acústico às residências situadas nos arredores das pistas. A poluição sonora causada pelos movimento dos aeroportos, além dificultar o sono dos cidadãos, é uma questão de saúde pública – pode causar estresse e falta de concentração.
A espanhola Aena, uma das maiores gestoras de aeroportos do mundo, afirma ter investido mais de € 340 milhões de 2000 a 2021 para adequar residências nas vizinhanças dos aeroportos que a empresa administra na Espanha com serviços de isolamento acústico adequados para proteger os moradores dos ruídos dos aviões. A Aena administra todos os aeroportos internacionais da Espanha, e também tem presença no Reino Unido e na América Latina.
Em Valencia, por exemplo, a Aena havia concluído, em março, obras de isolamento acústico em mais de 2.900 residências e edificações de outros usos, como escolas. Mais de 1.100 imóveis estavam com os trabalhos em execução, segundo a comissão aeroportuária responsável pelo meio ambiente.
Ao longo do andamento do programa de instalação de isolamento acústico, mais moradores vão se cadastrando para receber as adequações nas suas casas. Iniciativas do mesmo tipo ocorrem em várias outras grandes cidades espanholas, como Madrid, Barcelona e Sevilla.
Depois que se confirma que a residência em questão está apta a receber as melhorias, o programa da Aena realiza medições acústicas no seu interior para definir quais são as medidas de isolamento necessárias para garantir o bem-estar dos moradores.
Nos EUA
No restante do mundo desenvolvido também há iniciativas do mesmo tipo. O aeroporto de San Diego, na Califórnia, por exemplo, recebeu verbas para adequar as casas dos vizinhos com isolamento acústico. O programa está em vigor há mais de 20 anos. Uma reportagem da rede NBC, porém, revelou que alguns dos moradores beneficiados estão tendo custos altos para fazer a manutenção dos materiais.
Em Seattle, no estado americano de Washington, a autoridade responsável pelo aeroporto local também se disponibiliza a instalar materiais de isolamento acústico nas residências mais próximas. Os cidadãos das redondezas do terminal aeroportuário recebem cartas informando que sua residência está apta a receber as melhorias. As obras envolvem uma equipe que inclui arquitetos, engenheiros e especialistas acústicos.
O programa do aeroporto de Seattle aplica reformas personalizadas em cada residência, que podem incluir reformas como a troca de portas e janelas exteriores. Nesse caso, as aberturas antigas são substituídas por opções mais maciças com uma capacidade maior de bloquear a passagem de ondas sonoras.
Outro recurso utilizado em Seattle é a aprimoração da ventilação, com a instalação de sistemas de ventilação contínua – o que exige também mudanças na fiação elétrica.
O efeito da poluição sonora na saúde
O barulho ao qual estão expostos os vizinhos de aeroportos é apenas um dos exemplos de como ruídos indesejados podem afetar o cotidiano. Além de atrapalhar a concentração, os sons podem causar prejuízos à saúde.
Enquanto a tendência dos aeroportos de financiar a adaptação sonora das residências vizinhas não chega ao Brasil, são os próprios moradores que precisam tratar da acústica das suas casas.
No ambiente doméstico, os cidadãos também estão expostos à poluição sonora produzida pelo trânsito, por estações de ônibus ou metrô, aeroportos, casas noturnas, templos religiosos e obras, assim como vizinhos barulhentos, crianças, animais de estimação e máquinas prediais, como elevadores e compressores.
Estudos já concluíram que o desconforto acústico pode prejudicar a capacidade do corpo de promover a homeostase – o equilíbrio das condições corporais mais importantes, como temperatura, acidez, pressão arterial e batimentos cardíacos.
Com isso, a exposição a ruídos pode levar a problemas cardiovasculares, como hipertensão. Conforme o quadro se agrava, as consequências podem chegar até ao infarto. Já a exposição ao som enquanto se está dormindo pode provocar uma série de problemas ligados ao sono, como despertar repentino, movimentação do corpo, vigília noturna e mudança de estados de sono.