Durante muitos anos dados foram ocultados e os baianos passaram a ter a sensação de que a pobreza havia chegado ao fim, porém a realidade é bem diferente do que muitos imaginavam. Estado do Brasil com maior número de inscritos no programa federal Bolsa Família em 2018, com 1.980.153 cadastrados, a Bahia possui 6,9 milhões de pessoas, ou 44,8% da população, vivendo abaixo da linha de pobreza. A informação é da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Estar abaixo da linha de pobreza significa, pelos critérios do Banco Mundial, ter renda média de até US$ 5,50 por dia (nesta quarta-feira, o dólar estava cotado a R$ 3,86) em paridade de poder de compra. Em 2017, a renda média era R$ 406 por mês.
Já o Bolsa Família, onde estão inscritas famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza, tem como limite de renda mensal R$ 89 por pessoa (extrema pobreza) ou entre R$ 89,1 a R$ 178 mensais (pobreza), com crianças ou adolescentes até 17 anos.
No caso do valor de US$ 5,50, ele foi adotado pelo Brasil para monitoramento da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. A erradicação da pobreza está expressa nas metas do 1º dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Na Bahia, segundo a pesquisa do IBGE, o percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza está bem acima da média nacional (26,5% ou cerca de 55 milhões de pessoas).
Em 2017, no Brasil, as pessoas abaixo da linha de pobreza tinham rendimento em média 12,1% menor que o valor limite, frente a uma distância de 11,5% em 2016. Na Bahia, o hiato de pobreza aumentou de 20,2% em 2016 para 22,5% em 2017.
Além do significativo percentual de pessoas abaixo da linha da pobreza, em 2017, na Bahia, 3,3% dos domicílios não tinham nenhum rendimento per capita, o que representava cerca de 168 mil residências onde nenhum morador tinha renda.
Era o maior percentual do país, empatado com o do Amazonas, onde os 3,3% representavam, porém, muito menos domicílios: cerca de 36 mil em números absolutos.
Na Bahia, o percentual de domicílios sem nenhum rendimento (3,3%) ficava acima da média do Nordeste (2,4% ou 440 mil domicílios). Era ainda um pouco maior do que o percentual dos domicílios que pertenciam à faixa de rendimento per capita mais elevada: 3,1% das residências no estado (159 mil) tinham rendimento per capita maior do que 5 salários mínimos (R$ 4.685 por morador em 2017).